O sindicato dos atores dos Estados Unidos demonstrou uma “coragem” tardia ao anunciar na terça-feira (19/1), último dia do governo de Donald Trump, ter iniciado um processo disciplinar contra ele, que pode levar à expulsão do ex-presidente americano de seus quadros.
O sindicato SAG-AFTRA votou “esmagadoramente” a favor da abertura de um processo por violação da Constituição por Trump. A medida reflete o repúdio nacional contra o ataque ao Capitólio perpetrado em 6 de janeiro por apoiadores do ex-apresentador do reality show “O Aprendiz”.
O comitê disciplinar do sindicato examinará o envolvimento de Trump no ataque. Canastrão em vários filmes, o magnata de extrema direita também é objeto de um processo de Impeachment no Congresso por “incitamento à insurreição”.
“Donald Trump atacou os valores que este sindicato tem entre os mais sagrados: democracia, verdade, respeito pelos nossos concidadãos de todas as raças e religiões e a sacrossanta liberdade de imprensa”, afirmou a presidente da SAG-AFTRA, Gabrielle Carteris, em comunicado.
O comitê disciplinar também estudará a “perigosa campanha de desinformação destinada a desacreditar e, em última instância, ameaçar a segurança dos jornalistas”, orquestrada segundo o sindicato pelo presidente republicano. Vale lembrar que, ao contrário do ataque ao Congresso, isso não é novidade, mas algo que o sindicato ignorou completamente durante os quatro anos de mandato de Trump.
Os 160 mil membros do SAG-AFTRA incluem atores, mas também um grande número de profissionais dos meios audiovisuais nas mais diversas áreas, incluindo apresentadores de programas jornalísticos e de variedades (como “O Aprendiz”).
“Como sindicato, nosso papel mais importante é a proteção de nossos membros”, afirmou David White, diretor-executivo da organização.
Se condenado, Trump pode ter que pagar multa, passar pelo vexame da suspensão e, na pior das hipóteses, até ser expulso do SAG-AFTRA, que geralmente oferece aos seus associados alguns benefícios como aposentadoria e acesso a determinados filmes antes de seu lançamento.
Trump entrou no SAG-AFTRA em 1989, quando apareceu em seu primeiro filme, o trash de baixo nível “Os Fantasmas Não Transam”, interpretando seu papel favorito: ele mesmo. A partir daí passou a exigir aparecer em todo o filme que usasse alguma de suas propriedades como cenário, o que o levou a entrar em produções como “Esqueceram de mim 2: Perdido em Nova York” (1992), “Celebridades” (1998), “Zoolander” (2001) e nas séries “Um Maluco no Pedaço” e “Sex and the City”. Sempre como Donald Trump.