Ficou claro que Johnny Depp teria problemas ao perder seu julgamento por difamação em Londres, quando uma sentença judicial deu razão ao jornal The Sun por chamá-lo de “espancador de esposa”, mas ninguém esperava que isso aconteceria tão rápido. Na sexta (6/11), a Warner Bros. afastou o astro de “Animais Fantásticos 3”, afirmando que seu papel como Gellert Grindelwald seria reformulado.
Embora a notícia tenha chegado primariamente por meio de uma declaração escrita pelo próprio ator e publicada em seu Instagram, a Warner Bros. emitiu sua própria declaração concisa sobre o assunto. Leia abaixo:
“Johnny Depp partirá da franquia ‘Animais Fantásticos’. Agradecemos a Johnny por seu trabalho nos filmes até agora. ‘Animais Fantásticos 3’ está atualmente em produção, e o papel de Gellert Grindelwald será reformulado. O filme vai estrear nos cinemas de todo o mundo no verão de 2022.”
A declaração do estúdio e a afirmação do ator de que recebeu o pedido “para renunciar” ao papel de Grindelwald, e que ele respeitou e concordou com as razões, parecem orquestradas para causar a mínima polêmica possível, mas provavelmente a realidade de bastidores tenha sido bem diferente, com a colisão de egos gigantescos e prováveis discussões em tom agitado, diante do fato de que Depp tinha apenas duas escolhas a fazer: demitir-se ou recusar e ser demitido.
A situação se tornou um pesadelo de relações públicas para a Warner, que, além de ter Depp em seu filme, ainda precisa lidar com o fato de a escritora J.K. Rowling, responsável pela história, enfrentar cancelamento nas redes sociais por posições assumidamente transfóbicas. Até o ator Eddie Redmayne, protagonista de “Animais Fantásticos”, perdeu fãs ao defender Rowling.
Vale lembrar que tudo isso podia ser evitado, mas Rowling bancou a escalação de Depp mesmo depois de evidências apontarem para violência física contra Amber Heard durante o processo de divórcio do casal. “Aceito que há aqueles que não estão satisfeitos com nossa escolha de ator no papel. No entanto, a consciência não é governável por um comitê”, escreveu Rowling sobre o assunto. “Dentro do mundo fictício e fora dele, todos temos que fazer o que acreditamos ser a coisa certa.”
Ela concluiu dizendo: “Com base na nossa compreensão das circunstâncias, os cineastas e eu não estamos apenas satisfeitos com o nosso elenco original, mas realmente felizes por ter Johnny como um dos personagens principais do filme.”
A Warner também trabalha com Amber Heard na franquia “Aquaman”, e o mundo está atento aos boatos de que sua personagem seria cortada ou teria menor participação na sequência do filme do super-herói. Isto representaria o mesmo tipo de “justiça de estúdio” (leia-se machismo) que levou Kristen Stewart a ser eliminada da sequência de “Branca de Neve e o Caçador”, apesar de ser a protagonista do filme original – para quem não lembra, ela foi flagrada em fotos comprometedoras com o diretor daquele filme, que era casado.
A briga entre Depp e Heard ainda está longe de acabar. Com a saída de “Animais Fantásticos”, o ator perdeu a justificativa para adiar a audiência de um segundo processo que ele mesmo abriu contra a ex-esposa.
No começo de 2021, Depp deverá comparecer a um tribunal no estado americano da Virgínia, onde está processando Heard por US$ 50 milhões devido a uma coluna assinada por ela no jornal Washington Post, na qual escreveu sobre violência doméstica – sem citar o ex-marido.
Depois desta ação, ele enfrentará mais um processo, desta vez na condição de réu, após a atriz contra-atacá-lo com um pedido de US$ 100 milhões na Justiça, por mover uma campanha de difamação que estaria trazendo prejuízos a sua imagem e carreira.