Filmes brasileiros são destaques da semana nos cinemas

Os cinemas já reabriram no Brasil, mas o entusiasmo causado por “Tenet” já começa a dar lugar à nova realidade de lançamentos, que transforma títulos de circuito limitado nas únicas alternativas de […]

Divulgação/Vitrine Filmes

Os cinemas já reabriram no Brasil, mas o entusiasmo causado por “Tenet” já começa a dar lugar à nova realidade de lançamentos, que transforma títulos de circuito limitado nas únicas alternativas de projeção. Como os estúdios de Hollywood desistiram de lançar blockbusters durante a pandemia, a programação desta quinta (12/11) tem predomínio de filmes brasileiros, terrores fracos e títulos de festivais europeus. Veja abaixo como é o “novo normal” das estreias cinematográficas no país.

A Febre | Brasil | 2019

Exibido pela primeira vez há 15 meses, no Festival Internacional de Locarno, na Suíça, quando Regis Myrupu conquistou o prêmio de Melhor Ator, “A Febre” é o longa de estreia da jovem cineasta Maya Da-Rin e também foi premiado nos festivais de Biarritz (França), IndieLisboa (Portugal), Lima (Peru), Chicago (EUA), Punta del Este (Uruguai), Pingyao (China), Rio e Brasília. Alinhado à tendência do realismo mágico sul-americano, o filme acompanha Justino (Myrupu), um indígena do povo Desana que trabalha como vigia em um porto de cargas e vive na periferia de Manaus. Muito branco para sua tribo, muito índio para os brancos, desde a morte da sua esposa, Justino só tem a companhia da filha Vanessa, que está de partida para estudar Medicina em Brasília. Mas com a expectativa de ficar sozinho, ele é tomado por uma febre forte e passa a acreditar que uma criatura misteriosa segue seus passos. Durante o dia, ele luta para se manter acordado no trabalho. O drama acerca das pressões da vida urbana transforma-se no mínimo num filme incomum.

Boca de Ouro | Brasil | 2019

A nova adaptação da peça de Nelson Rodrigues, originalmente filmada em 1963 por Nelson Pereira dos Santos, tem direção de Daniel Filho, que curiosamente participou do filme original como ator. Ex-diretor mais requisitado das novelas da Globo, Daniel Filho também assinou alguns dos filmes mais bem-sucedidos dos últimos tempos, como “Se Eu Fosse Você” (2006) e “Chico Xavier” (2010), que lançaram tendências – besteirol Sessão da Tarde e cinema espírita, respectivamente. Mas aqui opta por uma abordagem mais violenta e perturbadora que o habitual, fazendo justiça à obra original. A trama gira em torno do bicheiro Boca de Ouro, nascido em uma gafieira e abandonado pela mãe numa pia de banheiro. Sua história da vida chama atenção do repórter Caveirinha, que decide entrevistar a ex-amante do bicheiro, que lhe conta três versões diferentes da vida do marginal. Os personagens principais são vividos por Marcos Palmeira (“A Divisão”), Silvio Guindane (“Bom Dia, Verônica”) e Malu Mader (“Haja Coração”).

Alice & Só | Brasil | 2019

O primeiro filme do diretor Daniel Lieff (da série “1 Contra Todos”) destaca o contraste entre músicos de gerações distintas. Bruna Linzmeyer (“O Filme da Minha Vida”) vive a Alice do título, uma jovem apaixonada por música, que forma uma banda com seu melhor amigo(Johnny Massaro) e parte em busca do sucesso em uma viagem de carro para tocar no maior festival de covers do mundo. Ao longo da viagem, os dois jovens, acompanhados por um roqueiro veterano (Felipe Camargo), vivem aventuras, descobertas e uma típica Sessão da Tarde.

Monos – Entre o Céu e o Inferno | Colômbia | 2019

Vencedor do Festival de Londres, o filme do colombiano Alejandro Landes acompanha oito “soldados” adolescentes numa selva, que têm a missão de cuidar de uma refém norte-americana (Julianne Nicholson, de “Aliança do Crime”), sequestrada por sua organização terrorista. Na sua rotina, os jovens guerrilheiros passam por treinos rigorosos, mas também se divertem e vivem descobertas sexuais. Após uma noite de farra acabar em tragédia, eles sofrem uma emboscada e a refém acredita que esta é a sua grande chance de fugir. A trama evoca a mesma visão pessimista da juventude vislumbrada no clássico “O Senhor das Moscas”.

Quarto 212 | França | 2019

O novo filme de Christophe Honoré rendeu o prêmio de Melhor Atriz à Chiara Mastroianni (a filha dos lendários Catherine Deneuve e Marcello Mastroianni) na mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes. A parceria entre os dois vem desde “Canções de Amor” (2007) e desta vez inclui o marido da estrela, Benjamin Biolay – e ainda lembra um clássico do Mastroianni pai, “Esposamante” (1977). Na trama, marido e mulher da vida real interpretam um casal que se separa após 20 anos. A mulher, que sempre foi infiel, resolve se mudar para um hotel do outro lado da rua, mas ao observar seu apartamento e seu marido, fica sem saber se tomou a decisão certa.

O 3º Andar – Terror na Rua Malasana | Espanha | 2020

A produção espanhola traça paralelos entre o terror sobrenatural e a turbulência da ditadura do general Franco e seus dogmas conservadores, seguindo tendência aberta por “O Labirinto do Fauno” (2006) e “Verônica: Jogo Sobrenatural” (2017). A história apresenta uma família humilde que sai de seu vilarejo para morar num apartamento espaçoso no centro de Madri, sem saber que o local foi palco de assassinatos. Mas se o tema de fundo é um pouco mais desenvolvido que o habitual, os sustos não vão além dos estereótipos das casas mal-assombradas.

Possessão: O Último Estágio | Israel, EUA | 2020

Terror convencional de exorcismo feito com baixo orçamento para o mercado de DVD por um diretor que nunca fez um filme capaz de ser considerado minimamente medíocre. A novidade desta oitava tentativa é que Pearry Reginald Teo finalmente conseguiu chegar aos cinemas brasileiros. Mais impressionante ainda: com direito a “pré-estreia”, em sessões pagas convencionais, que começaram uma semana antes da data oficial da “estreia”.

Casa | Brasil | 2020

Documentário da diretora Letícia Simões, que mostra situações corriqueiras para refletir a culpa pelo distanciamento de dez anos longe de sua mãe, que, por sua vez, encara sua própria culpa pela decisão de colocar a mãe dela num asilo de idosos.