Ator sai de Cara Gente Branca alegando discriminação racial

O ator Jeremy Tardy saiu da série “Cara Gente Branca”, que foi renovada para sua 4ª e última temporada na Netflix. E saiu atirando, alegando racismo da produtora Lionsgate. Trata-se de uma […]

Instagram/Jeremy Tardy

O ator Jeremy Tardy saiu da série “Cara Gente Branca”, que foi renovada para sua 4ª e última temporada na Netflix. E saiu atirando, alegando racismo da produtora Lionsgate. Trata-se de uma grande ironia, considerando o tema da série.

O intérprete de Rashid Bakr divulgou um comunicado em suas redes sociais em que afirma ter sofrido discriminação racial na hora de renegociar seu contrato. Segundo ele, a produtora se recusou a negociar seu salário após receber uma contra-proposta de sua equipe, mas não teve dificuldades para acomodar um colega de elenco branco que conseguiu negociar um valor maior.

Leia abaixo a íntegra do comunicado do ator.

“Infelizmente não voltarei para a 4ª e última temporada de ‘Cara Gente Branca’ da Netflix por conta da minha experiência com a Lionsgate e suas práticas de discriminação racial.

Após receber a oferta para retornar para alguns episódios, minha equipe foi notificada que nossa contra-oferta não seria considerada e que a oferta inicial seria ‘a mais alta e final’. Essa notícia foi perturbadora porque um dos meus colegas brancos – sendo um verdadeiro aliado – revelou que eles fizeram a mesma oferta inicial e negociaram uma contra-oferta de forma satisfatória. Minha equipe revelou essa questão para a Lionsgate e os produtores mantiveram sua posição de que o ator branco estava disponível para negociações enquanto eu não estava – independente dos meus créditos e experiência.

Com essa informação, seis membros do elenco recorrente, incluindo eu mesmo, nos organizamos para negar as ofertas iniciais da Lionsgate na segunda-feira 31 de agosto.

Nossa intenção foi fazer um movimento poderoso como unidade no processo de negociação e, mais importante, nos posicionarmos no princípio básico de que essa não é simplesmente uma questão monetária. Estávamos todos cientes da notória disparidade salarial entre pessoas negras e nossos colegas brancos nas séries da Netflix e da Lionsgate; então isso deixou o buraco flagrantemente óbvio. Entretanto, nosso poder de barganha coletivo foi minado por ofertas paralelas e falta de transparência. Essas táticas levaram alguns indivíduos a assinar contratos antes de o grupo coletivo receber um processo de negociação justo e igualitário.

Essas empresas recentemente lançaram comunicados e até fizeram doações em apoio ao movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam). Estou denunciando suas práticas vergonhosas de discriminação e desigualdade racial tendo em mente como eles sempre desvalorizaram e rebaixaram pessoas negras. Ser politicamente correto da boca pra fora com gestos simbólicos não te absolvem da responsabilidade diária de fazer negócios de uma maneira igualitária e justa.

O fato de que isso ocorreu nos bastidores de um programa cujo propósito é abordar problemas sistêmicos do racismo e da discriminação só mostra a grande auge da hipocrisia.

Lionsgate. Netflix. Eu estou te vendo. Nós estamos te vendo.”

Em resposta, a Lionsgate negou as acusações de discriminação. Em seu próprio comunicado, a produtora afirma que a questão foi “uma negociação puramente financeira ligada a termos de contrato. A Lionsgate está comprometida a tratar de forma igualitária todos os seus talentos, independente de raça, gênero, idade ou orientação sexual. Estamos muito orgulhosos de ‘Cara Gente Branca’ e seu espaço na conversa nacional sobre igualdade racial e justiça social, e estamos ansiosos para iniciar a produção da 4ª temporada”.

Baseada no aclamado filme independente de mesmo nome, a série satiriza a “América pós-racial” ao retratar a vida de estudantes negros em uma conceituada universidade predominantemente branca. A atração faz um questionamento extensivo do racismo no mundo moderno, sem poupar sequer o pensamento politicamente correto e condescendente a respeito da diversidade racial.

A série foi criada pelo diretor e roteirista Justin Simien, responsável pelo longa original, premiado no Festival de Sundance de 2014, e além de explorar questões de raça, também discute classes sociais e sexualidade.

Assim como as três temporadas anteriores, a season finale terá 10 episódios.

A data de estreia dos capítulos finais ainda não foi divulgada.

Unfortunately I will not be joining NETFLIX’s Dear White People for its fourth and final season
due to my experience…

Publicado por Jeremy Tardy em Sexta-feira, 11 de setembro de 2020