A atriz Linda Manz, que na adolescência estrelou os clássicos “Cinzas no Paraíso” (Days of Heaven) e “Anos de Rebeldia” (Out of the Blue), morreu na sexta-feira (14/8), aos 58 anos, após lutar contra um câncer de pulmão e pneumonia. “Linda era uma esposa amorosa, uma mãe carinhosa, uma avó maravilhosa e uma grande amiga que era amada por muitos”, escreveu seu filho nas redes sociais.
Ela conseguiu seu primeiro papel aos 15 anos em “Cinzas no Paraíso” (1978), como a adolescente que viaja com seu irmão mais velho (ninguém menos que Richard Gere) e a namorada dele (Brooke Adams) em busca de trabalho itinerante, pulando clandestinamente em trens de carga durante a Grande Depressão dos anos 1930. Considerado um dos grandes clássicos dos anos 1970, o drama de Terrence Malick era narrado por Manz, e sua voz é considerada uma parte fundamental do estilo poético do filme.
Manz continuou a carreira com filmes cultuados, como “A Gangue da Pesada” (1979), de Philip Kaufman, “Flores e Espinhos” (1979), de Stephen Verona, e “Anos de Rebeldia” (1980), de Dennis Hooper.
O terceiro longa de Hooper, filmado após os icônicos “Easy Rider – Sem Destino” (1969) e “O Último Filme” (1971), chegou a ser selecionado para a competição do Festival de Cannes. Nele, Manz deu vida a uma adolescente fã de Elvis Presley e punk rock em conflito com o pai ex-presidiário, vivido pelo próprio diretor, num trabalho impressionante.
Mas ela largou o cinema logo em seguida, após a comédia “Longshot” (1981), em que fez par romântico com o cantor galã Leif Garrett, que foi acompanhada por um pequeno papel na produção alemã “Mir Reicht’s – Ich Steig Aus” (1983).
Só foi voltar às telas em 1997, ao ser persuadida pelo diretor Harmony Korine a interpretar a mãe amorosa de Solomon (Jacob Reynolds), um dos adolescentes marginalizados de “Vida sem Destino”, drama não convencional ambientado em uma pequena cidade de Ohio atingida por um tornado – e outro cult em sua filmografia.
“Eu sempre a admirei”, disse Korine em uma entrevista para a Index Magazine na época. “Havia uma sensação sobre ela que eu gostava – não era nem mesmo sua atuação. Era como me senti ao conhecer Buster Keaton. Havia uma espécie de poesia nela, um brilho. Os dois queimaram a tela.”
Uma de suas co-estrelas de “Vidas sem Destino”, Chloë Sevigny, chamou Manz de sua atriz favorita e chegou a defender a restauração e o relançamento da pequena mas impressionante filmografia da atriz.
Além dela, Natasha Lyonne (“Orange Is the New Black”) expressou admiração por seus dons únicos como atriz adolescente. “O mundo em geral nem sempre faz sentido para mim, mas existem portos seguros”, disse Lyonne em 2013 para a revista Interview. “Linda Manz em ‘Anos de Rebeldia’ é um deles.”
O último papel da carreira de Manz foi lançado no mesmo ano de “Vidas sem Destino”, e consistiu de uma pequeno aparição como colega de quarto da personagem de Deborah Kara Unger no thriller de mistério “Vidas em Jogo” (1997), de David Fincher, estrelado por Michael Douglas e Sean Penn.
Manz era casada com operador de câmera Bobby Guthrie, com quem teve dois filhos.