A atriz Sonia Darrin, que marcou época como femme fatale do cinema noir, morreu em 19 de junho, num hospital de Nova York, após sofrer uma queda aos 96 anos.
Nascida Sonia Paskowitz em 16 de junho de 1924, em Galveston, Texas, ela se mudou com a família para a Califórnia na adolescência, quando teve aulas de dança com o bailarino e coreógrafo Adolph Bolm. Durante este período, Bolm começou a trabalhar na aventura de capa e espada “Os Irmãos Corsos” (1941), e convidou seus alunos para figurarem nas cenas de multidões. Darrin estreou nas telas como uma das frequentadoras de uma apresentação de ópera.
Por ser dançarina, ela seguiu carreira em musicais, aparecendo em “Um Raio de Sol” (1941), “Minha Namorada Favorita” (1942) e “É Difícil Ser Feliz” (1943). Também chegou a atuar no terror “Frankenstein encontra o Lobisomem” (1943), mas seus papéis eram sempre pequenos e não creditados.
Mesmo assim, foi selecionada pelo diretor Howard Hawks para viver uma bad girl e contracenar com Humphrey Bogart em “À Beira do Abismo” (1946), um dos mais famosos film noir de todos os tempos.
Numa cena memorável do filme, o detetive Philip Marlowe (Bogart) finge ser um colecionador de livros raros para se aproximar da suspeita Agnes (Darrin) e perguntar se ela trabalhava na livraria em que estavam – que funcionava como fachada para negócios escusos. “Você vende livros, hum?”. Então, ela gesticula na direção de uma fileira de livros e responde: “O que você acha que é isso, toranjas?”
Ela apareceu em outras cenas marcantes do filme, mas sua presença acabou diminuída porque, segundo afirma, seu agente discutiu com o chefe do estúdio, Jack Warner.
Darrin também teve destaque em outro noir, “Bury Me Dead” (1947), com June Lockhart e Hugh Beaumont, e atuou em mais um clássico do gênero, “Coração Prisioneiro” (1949), de Max Ophüls. Também apareceu no drama de guerra “Sedução Trágica” (1948) e encerrou a carreira com um último noir, “Traidor Inesperado” (1950), antes de deixar Hollywood e se tornar modelo da agência de Eileen Ford em Nova York.
Darrin manteve um perfil discreto, mas ressurgiu na década de 1970, quando seu filho Mason Reese se tornou uma estrela de comerciais.
“Ela foi parte mãe, parte protetora, parte guerreira e parte empresária”, disse Reese à revista The Hollywood Reporter. “Ela sabia tudo sobre as armadilhas de Hollywood e incutiu em mim que isso seria uma montanha-russa e uma aventura – e que quando eu não quisesse mais fazer isso, não precisaria continuar a fazer.”
Reese acrescentou que sua mãe não tinha ideia de que era uma atriz popular, porque seus papéis foram muito pequenos, mas os fãs de filmes noir a adoravam. “Ela ficava espantada quando recebia cartas de fãs pelo correio”, disse ele.
Mãe e filho não foram os únicos astros da família. O irmão da atriz é considerado uma lenda do surf da Califórnia, Dorian “Doc” Paskowitz.
Relembre abaixo, a famosa cena das toranjas literárias.