Festival de Cannes revela seleção oficial com filme brasileiro sobre racismo

A organização do Festival de Cannes divulgou nesta quarta (3/6) uma lista com 56 filmes de sua seleção oficial. Mesmo cancelado, devido ao coronavírus, o festival resolver criar um “selo de aprovação” […]

Divulgação/Pandora Filmes

A organização do Festival de Cannes divulgou nesta quarta (3/6) uma lista com 56 filmes de sua seleção oficial. Mesmo cancelado, devido ao coronavírus, o festival resolver criar um “selo de aprovação” para os títulos selecionados, para deixar claro seu apoio às obras. Alguns desses longas competirão em setembro no Festival de San Sebastian, na Espanha, que fechou uma parceria com o evento francês, e também serão exibidos em vários outros festivais ao redor do mundo.

Os 56 títulos incluem longas que seriam exibidos em mostras paralelas e fora de competição em Cannes. Eles foram reunidos em uma única lista com os filmes que disputariam a Palma de Ouro. Desta relação, 16 filmes, ou 28,5% do total, foram dirigidos por mulheres, em comparação com 14 títulos (23,7%) do ano passado.

A seleção oficial incluiu filmes dos EUA, Coréia do Sul, Japão e Reino Unido, mas também de territórios raramente representados em Cannes, como Bulgária, Geórgia, Congo. Mas o cinema francês, sempre destacado em Cannes, seria particularmente forte este ano, com 21 títulos na escalação oficial, em comparação com os 13 do ano passado e os 10 de 2018.

O Brasil é representado por “Casa de Antiguidades”, primeiro longa de João Paulo Miranda Maria estrelado pelo veterano Antônio Pitanga (“Ganga Zumba”, “Rio Babilônia”, “Irmãos Freitas”), que retrata a vida de um operário negro em uma cidade fictícia de colonização austríaca no Brasil.

A trama trata de questões como o racismo e a polarização política durante a eleição de 2018, que resultou na vitória do pior candidato. Parte do longa foi gravado em Treze Tílias, cidade catarinense que deu forte apoio ao presidente eleito.

Entre os americanos, os destaques são para “The French Dispatch”, nova obra de Wes Anderson que (como sempre) reúne um elenco estrelado – Timothée Chalamet, Saoirse Ronan, Tilda Swinton, Edward Norton, Christoph Waltz, Bill Murray, etc – e “Soul”, animação da Pixar dirigida por Pete Docter (“Divertida Mente”) que seria exibida fora de competição.

Outro título de grande apelo comercial, o sul-coreano “Invasão Zumbi 2” (Peninsula), de Yeon Sang-ho, deveria se tornar o principal título da Sessão da Meia-Noite do festival francês. Já o público infantil teria também uma première do Studio Ghibli, “Aya and the Witch” (Aya To Majo), de Goro Miyazaki.

Além destes, novos filmes de diretores aclamados, como Steve McQueen (listado à frente dois títulos!), François Ozon, Naomi Kawase, Maïwenn e Thomas Vinterberg, também aparecem na relação, assim como “Falling”, estreia do ator Viggo Mortensen (“O Senhor dos Anéis”) na direção.

Com o longa de Mortensen e João Paulo Miranda Maria, a seleção soma 15 (26,7%) filmes de diretores estreantes, apontando rumos para o cinema mundial.

Confira abaixo a seleção completa.

“The French Dispatch”, de Wes Anderson (EUA)
“Soul”, de Pete Docter (EUA)
“Summer 85”, de Francois Ozon (França)
“Asa Ga Kuru”, de Naomi Kawase (Japão)
“Lover’s Rock”, de Steve McQueen (Reino Unido)
“Mangrove”, de Steve McQueen (Reino Unido)
“Druk”, de Thomas Vinterberg (Dinamarca)
“DNA”, de Maïwenn (Algéria/França)
“Falling”, de Viggo Mortensen (EUA)
“Ammonite”, de Francis Lee (Reino Unido)
“Sweat”, de Magnus von Horn (Suécia)
“Nadia, Butterfly”, de Pascal Plante (Canadá)
“Limbo”, de Ben Sharrock (Reino Unido)
“Invasão Zumbi 2” (Peninsula), de Sang-ho Yeon (Coreia do Sul)
“Broken Keys”, de Jimmy Keyrouz (Líbano)
“Truffle Hunters”, de Gregory Kershaw & Michael Dweck (EUA)
“Aya and the Witch” (Aya To Majo), de Goro Miyazaki (Japão)
“Heaven: To the Land of Happiness”, de Im Sang-soo (Coreia do Sul)
“Last Words”, de Jonathan Nossiter (EUA)
“Des Hommes”, de Lucas Belvaux (Bélgica)
“Passion Simple”, de Danielle Arbid (Líbano)
“A Good Man”, de Marie-Castille Mention-Schaar (França)
“The Things We Say, The Things We Do”, de Emmanuel Mouret (França)
“John and the Hole”, de Pascual Sisto (EUA)
“Here We Are”, de Nir Bergman (Israel)
“Rouge”, de Farid Bentoumi (França)
“Teddy”, de Ludovic e Zoran Boukherma (França)
“Une Medicine De Nuit”, de Elie Wajeman (França)
“Enfant Terrible”, de Oskar Roehler (França)
“Pleasure” de Ninja Thyberg (Suécia)
“Slalom”, de Charléne Flavier (França)
“Casa de Antiguidades”, de João Paulo Miranda (Brasil)
“Ibrahim”, de Samuel Gueismi (França)
“Gagarine”, de Fanny Liatard & Jérémy Trouilh (Geórgia)
“16 Printemps”, de Suzanne Lindon (França)
“Vaurien”, de Peter Dourountzis (França)
“Garçon Chiffon”, de Nicolas Maury (França)
“Si Le Vent Tombe”, de Nora Martirosyan (Armênia)
“On the Route for the Billion”, de Dieudo Hamadi (Congo)
“9 Days at Raqqa”, de Xavier de Lauzanne (França)
“Antoinette in the Cévènnes”, de Caroline Vignal (França)
“Les Deux Alfred”, de Bruno Podalydès (França)
“Un Triomphe”, de Emmanuel Courcol (França)
“Les Discours”, de Laurent Tirard (França)
“L’Origine du Monde”, de Laurent Lafitte (França)
“Flee”, de Jonas Poher Rasmussen (Dinamarca)
“Septet: The Story of Hong Kong”, de Ann Hui, Johnnie To, Hark Tsui, Sammo Hung, Woo-Ping Yuen & Patrick Tam (Hong Kong)
“El Olvido Que Seremos”, de Fernando Trueba (Espanha)
“In the Dust”, de Sharunas Bartas (Lituânia)
“The Real Thing”, de Kôji Fukada (Japão)
“Souad”, de Ayten Amin (Egito)
“February”, de Kamen Kalev (Bulgária)
“Beginning”, de Déa Kulumbegashvili (Grécia)
“Striding Into the Wind”, de Shujun Wei (China)
“The Death of Cinema and My Father Too”, de Dani Rosenberg (Israel)
“Josep”, de Aurel (França)