Os protestos contra a brutalidade policial e o racismo estrutural ajudaram o drama “Vidas Cruzadas”, de 2011, a se tornar um dos filmes mais assistidos nos últimos dias na Netflix. Mas o longa – baseado em romance de Kathryn Stockett – também atraiu críticas por sua narrativa de “salvador branco”. E justamente uma de suas estrelas brancas, Bryce Dallas Howard, resolveu recomendar outros filmes para o público interessado em dramas sobre injustiça racial, que para ela são mais educativos e antirracistas que “Vidas Cruzadas”.
“‘Vidas Cruzadas’ é uma história fictícia contada sob a perspectiva de uma personagem branca e foi criada por contadores de histórias predominantemente brancos”, escreveu Howard no Facebook. “Todos nós podemos ir além disso.”
Howard, que interpretou um dos vilões racistas do filme, sugeriu que o público prestigiassem filmes e séries que contassem histórias de vidas negras com a perspectiva de roteiristas, cineastas e artistas negros.
“As histórias são uma porta de entrada para a empatia radical e as melhores delas são catalisadoras de ações”, escreveu ela.
Para aqueles que desejam aprender mais sobre o movimento dos direitos civis, linchamentos, segregação e leis racistas, Howard destacou os seguintes filmes: os documentários “A 13ª Emenda” (2016), de Ava DuVernay, “Eu Não Sou Seu Negro (2016), sobre James Baldwin, “Say Her Name: The Life and Death of Sandra Bland” (2018), a série documental “Eyes on the Prize” (1987–1990), sobre os Direitos Civis, os dramas biográficos “Luta por Justiça” (2019), “Malcolm X” (1992)” e “Selma” (2014), além das minisséries “Watchmen” e “Olhos que Condenam” (When They See Us), do ano passado.
“Vidas Cruzadas” rendeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante para Octavia Spencer, que interpretava uma criada negra de família branca durante a era dos Direitos Civis. Outra intérprete de empregada no filme, Viola Davis, depois expressou seu arrependimento por estrelar a produção.
“No fim das contas, senti que não eram as vozes das criadas que eram ouvidas”, disse Davis em entrevista de 2018. “Conheço Aibileen. Eu conheço Minny. Eles são minha avó. Eles são minha mãe. E sei que, se você faz um filme com toda essa premissa, quero saber como é trabalhar para pessoas brancas e criar crianças em 1963, quero ouvir como você realmente se sente sobre isso. Eu nunca ouvi isso no decorrer do filme”, ela declarou.
Até Ava DuVernay, que, antes de virar cineasta, era assessora de imprensa, também manifestou arrependimento por ter relação com o longa. Promover “Vidas Cruzadas” foi o que a fez desistir de seu trabalho e a “empurrou” para começar a fazer seus próprios filmes.