A secretária especial da Cultura Regina Duarte atacou a imprensa com uma postagem nas redes sociais na manhã deste sábado (16/5), em que se disse vítima de uma “infodemia” de “matérias tendenciosas, maldosas, fakes, venenosas”. Mas errou o alvo.
Desde que foi nomeada para chefiar a secretaria da Cultura, Regina tem sido atacada, na verdade, pela ala ideológica do governo Bolsonaro. Após uma entrevista desastrosa à CNN Brasil, em que relativizou tortura, ditadura, mortes por coronavírus e ainda cantarolou música ufanista da época da pior repressão, também passou a receber críticas e repúdio da classe artística.
Mas enquanto acusa a imprensa de ser responsável pelos males que a afligem, o verdadeiro ataque se manifesta por meio de atos do governo que a ex-atriz insiste em defender. Uma decisão publicada no Diário Oficial de sexta (15/5) e assinada pelo ministro Walter Braga Netto, da Casa Civil, exonerou o secretário adjunto da pasta, Pedro Horta, número dois de sua secretaria.
Horta tinha sido nomeado pro Regina no final de abril e ficou poucas semanas no cargo. Antes do governo Bolsonaro, ele era o responsável pelo departamento comercial da Ceagesp, a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, e já foi secretário parlamentar e advogado de Celso Russomanno, político e professor de direito constitucional.
A decisão foi comemorada pela militância bolsonarista nas redes sociais. Grupos ligados ao ideólogo Olavo de Carvalho estão promovendo uma campanha de fritura de Regina Duarte e pedindo sua demissão, pois acreditam que ela estaria levando “infiltrados da esquerda” para dentro do governo do “Brasil uber alles” de seu líder, Jair Bolsonaro.
A extremista Geralda Gonçalves (conhecida como Geigê) publicou uma mensagem em tom provocativo sobre a nova queda: “Bom dia! Menos um traíra #ReginaPedePraSair”, escreveu.
Anteriormente, Regina também não tinha conseguido nomear seu favorito ao posto de número dois da secretaria, o gestor público e produtor Humberto Braga, que foi igualmente alvo de uma campanha nas redes sociais com acusações de ser um “esquerdista” tentando se infiltrar no governo.
Para completar, há três semanas, Bolsonaro mandou demitir o pesquisador Aquiles Brayner, indicado por Regina para a diretoria do Departamento de Livro, Literatura e Bibliotecas. Ele caiu apenas três dias após sua nomeação, novamente sob pressão de perfis radicais nas redes sociais.
Enquanto isso, a paralisação da Cultura segue firme, completando 500 dias de desmontagem do setor, sem que as principais verbas de fomento tenham sido liberadas.
Mas, para Regina Duarte, a culpa dos problemas que a Cultura enfrenta é da imprensa. Veja abaixo.