Atriz Fernanda Concon, mais lembrada pelo papel de Alicia Gusman na novela infantil e nos filmes de “Carrossel”, deu uma lição a Abraham Weintraub em vídeo publicado nas redes sociais.
Hoje com 17 anos, ela mostrou ter muito mais conhecimento sobre a situação do ensino brasileiro que o próprio ministro da Educação, que insiste em manter a data do ENEM inalterada, em plena crise sanitária do novo coronavírus, sem levar em consideração a dificuldade dos estudantes mais pobres para estudar em casa.
Em seu vídeo, Fernanda afirma que o ministro Weintraub nunca ouviu que o Brasil é o sétimo país mais desigual do mundo, segundo o programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e questionou o mito da meritocracia no Brasil.
“Por aqui, 13,5 milhões de pessoas vivem em extrema pobreza, ou seja, com até R$ 145 por mês”, começou a atriz, que logo emendou uma ironia: “já que o ministério dele gosta de falar ‘estude!’, eu vim aqui falar pra vocês que eu pesquisei. Uma matéria de 2017 mostra que o plano de internet, naquela época, custava pelo menos R$ 40. Uma pessoa que vive com até R$ 145, você está dizendo que ela tem que gastar 30% do que ela ganha por mês em internet”, comparou a atriz, referindo-se ao fato de o governo acreditar que todos os alunos matriculados estão estudando pela internet.
Então, ela demonstrou como a defesa de uma suposta meritocracia, bandeira do Ministro, serve apenas para disfarçar preconceito e perpetuar desigualdades históricas, podendo, inclusive, piorar situações já insustentáveis.
“Em entrevista à Jovem Pan, Weintraub diz que o objetivo do Enem é ‘selecionar as pessoas mais qualificadas e mais inteligentes’. Qualificadas você quer dizer ‘dinheiro’, né? O discurso da meritocracia no Brasil não nasceu ontem, e tem muita gente que acredita ainda nesse conto de fadas da meritocracia”.
“Eu gostaria de reiterar aqui pra vocês que nós somos a 7ª nação mais desigual do mundo. E pra quem não entende muito de meritocracia eu vou dar uma explicada rápida: pega uma arena, divide as pessoas em dois grupos porque elas vão competir entre elas, ok? Pra um grupo você dá AK-47, metralhadora, todo tipo de proteção para uma batalha, e pro outro grupo você vai dar aquelas faquinhas de cortar legume. Aí você botou esses dois grupos para competir. Quem você acha que vai ganhar?”, disse.
Como o país segue sem aulas, devido à pandemia do coronavírus, manter a data do Enem para novembro significa apenas reforçar a desigualdade de condições que existe entre estudantes sem recursos e aqueles com laptop e local adequado para estudar em casa.
Fernanda não é politica, mas, além de atriz, também é estudante.