Survive: Nova série de Sophie Turner é tachada de “irresponsável” pela crítica americana

“Survive”, uma das atrações mais badaladas da nova plataforma Quibi, está enfrentando a ira da crítica nos Estados Unidos. A primeira série de Sophie Turner após “Game of Thrones” estreou na segunda […]

“Survive”, uma das atrações mais badaladas da nova plataforma Quibi, está enfrentando a ira da crítica nos Estados Unidos.

A primeira série de Sophie Turner após “Game of Thrones” estreou na segunda (6/4), junto com o novo serviço de streaming, uma espécie de Netflix para aparelhos celulares, e recebeu apenas 44% de aprovação no Rotten Tomatoes.

Mas, paradoxalmente, a atriz ganhou muitos elogios por sua interpretação, ao viver uma mulher complexa e muito diferente de Sansa – “prova que a incrivelmente talentosa Sophie Turner é merecedora de papéis maiores e melhores”, resumiu o próprio Rotten Tomatoes.

O problema estaria na forma como a produção retrata a depressão de sua personagem, a ponto de os jornalistas americanos tacharem a produção como “irresponsável”.

Na trama, baseado em um livro homônimo de Alex Morel, a jovem Jane Salas (Sophie) sofre de estresse pós-traumático e tem tendências suicidas. Ela viveu em uma casa de recuperação durante um ano e fala em se matar, enquanto a câmera exibe em detalhes as marcas em seu corpo, causadas por automutilação. Há ainda cenas de flashback de sua tentativa de suicídio, um banho de sangue que faz com que “13 Reasons Why”, da Netflix, pareça “Malhação”.

“Survive” até avisa no começo dos episódios que exibirá “cenas que algumas pessoas podem achar perturbantes, incluindo problemas mentais e pensamentos suicidas”, mas nem isso prepara o público para a forma explícita com que esses temas são tratados.

O tom perturbador incomodou a crítica.

“Uma das séries mais irresponsáveis que eu já vi”, publicou o site The Vox, para quem “Survive” “é minuciosa nas instruções de automutilação e suicídio, de um jeito que faz tudo ser vagamente atrativo”.

O Vulture lamentou tanto o conteúdo quanto a forma. “Honestamente, não sei o que é mais frustrante: a irresponsável idealização suicida ou as pedantes cenas de flashback”.

A revista Time reforçou que “a série, intencionalmente ou não, se esbalda na estética niilista e sangrenta do suicídio”.

A Variety lamentou o tom “errante em seus clichês [suicidas] tóxicos.”

Até a CNN atacou: “De longe, é a pior série do catálogo do Quibi”.

O detalhe é que, numa série convencional, a violência depressiva não chamaria tanta atenção. Veja-se “Euphoria”, por exemplo, que também aborda tentativa de suicídio e depressão de forma visceral, mas foi bastante elogiada. A diferença é que o piloto de “Euphoria” durava 53 minutos, enquanto cada episódio de “Survive” não passa de um “quibi” (10 minutos ou menos). Isso faz com que dois episódios inteiros sejam completamente dedicados ao horror, sem possibilidade de atenuação.

Só que, do terceiro capítulo em diante, a série muda completamente, para virar uma trama tradicional de sobrevivência, a partir de uma reviravolta irônica.

Tudo muda quando Jane embarca num avião, ao sair do centro de recuperação para voltar para casa, com diversos remédios que roubou da instituição, disposta a morrer de overdose no banheiro da aeronave. Mas quando se prepara para abandonar a vida, o avião bate em uma montanha. Só ela e um outro passageiro (vivido por Corey Hawkins) sobrevivem. E é então que a personagem que queria morrer descobre-se disposta a fazer de tudo para sobreviver.

Vale lembrar que o Quibi também chegou no Brasil nesta semana, ainda que sem divulgação ou legendas em português.

Veja abaixo o trailer americano de “Survive”.