O ator John Karlen, vencedor do Emmy por seu trabalho na série clássica “Cagney & Lacey”, morreu na quarta-feira (22/1) de insuficiência cardíaca, aos 86 anos.
Após servir na Guerra da Coréia, Karlen estudou Artes Dramáticas em Nova York e passou a intercalar participações em séries de TV, como “Cidade Nua” e “O Falcão”, enquanto fazia sua estreia na Broadway, dirigido pelo lendário Elia Kazan na montagem de 1960 de “Doce Pássaro da Juventude”.
Vieram várias outras peças de prestígio, mas sua carreira televisiva acabou ganhando primazia em decorrência de seu primeiro papel fixo em 1967, como um dos protagonistas da novela gótica “Dark Shadows” – também conhecida como “Sombras da Noite” e “Sombras Tenebrosas”.
Karlen foi uma contratação de emergência da rede ABC para substituir James Hall, que tinha sido demitido após cinco episódios da produção. Sem maior preparação, ele assumiu o papel de Willie Loomis, um forasteiro recém-chegado à cidade de Collinsport que, inadvertidamente, ao invadir o mausoléu da família Collins, torna-se responsável por libertar o vampiro Barnabas Collins (Jonathan Frid). Como recompensa, é atacado, tem seu sangue sugado e se torna o principal servo da criatura, que havia passado os últimos 200 anos em um caixão.
Ele permaneceu na novela até sua conclusão em 1971, aparecendo em 179 episódios, e ainda viveu Loomis no longa de 1970, “Nas Sombras da Noite”, além de um novo papel no filme seguinte da franquia, “Maldição das Sombras” (1971).
Sua filmografia se tornou ainda mais gótica por conta de sua presença num dos filmes de vampiros mais famosos da década, a produção franco-alemã “Escravas do Desejo” (1971), como parte de um casal que chama atenção de vampiras lésbicas.
Essa associação com o terror lhe rendeu participações em telefilmes e séries fantásticas, como “Galeria do Terror”, “O Sexto Sentido”, a versão televisiva de 1973 de “O Retrato de Dorian Gray” e o cultuado “Trilogia de Terror” (1975).
Mesmo assim, Karlen não acabou estigmatizado, atuando também em romances populares, como os filmes “Dinheiro do Céu” (1981) e “Adeus à Inocência” (1984). E o motivo de não ter ficado marcado como astro de terror foi seu segundo papel fixo televisivo.
Em 1981, Karlen foi escalado como Harvey Lacey, o marido da detetive Mary Beth Lacey (Tyne Daly) na série “Cagney & Lacey”. A primeira atração policial feminista da TV americana acompanhava duas detetives em investigações criminais semanais. E enquanto Lacey resolvia crimes ao lado da parceira Christine Cagney (Sharon Gless), seu marido ficava em casa cuidando dos filhos.
O papel de marido progressista rendeu três indicações seguidas ao Emmy para Karlen, que acabou conquistando o troféu de Melhor Ator Coadjuvante da TV americana em 1986.
“Ainda estava procurando como pagar aluguel quando essa série apareceu”, contou Karlen em uma entrevista de 1987 ao Chicago Tribune. “O segredo de Harvey Lacey é que ele é querido. Harvey pode ter pouco espaço nas tramas, mas isso não me incomoda. Contanto que eu consiga minhas duas ou três cenas, estou feliz. E é um dinheiro excelente por pouco trabalho. Não é um desgaste. Acabo conseguindo dar sempre o meu melhor”.
Após 124 capítulos e o fim da série em 1988, Karlen ainda voltou a viver Harvey em quatro telefilmes de “Cagney & Lacey”, até 1996. “Cagney & Lacey: True Convictions”, daquele ano, foi sua despedida da TV.
Outros papéis de destaque de sua carreira incluem arcos em “Chumbo Grosso” (Hill Street Blues), como um suspeito chamado – referencialmente – de Loomis, e em “Louco por Você” (Mad About You), na pele do pai da personagem de Helen Hunt.