A cineasta Waad al-Kateab, diretora de “For Sama”, documentário sírio indicado ao Oscar 2020, protestou nesta quinta-feira (30/1) em frente à sede da ONU, após o anúncio do adiamento dos resultados de uma investigação sobre crimes de guerra na Síria.
“Vergonha, ONU! Vergonha (secretário-geral António) Guterres! Vergonha!”, gritou a cineasta, cujo documentário sobre sua vida em Aleppo, sob bombardeio constante, tem vencido vários prêmios internacionais.
Consagrado no Festival de Cannes, “For Sama” foi resultado da mistura de sua experiência pessoal e profissional em Aleppo. Waad deu à luz a sua filha Sama enquanto trabalhava como jornalista em meio à guerra civil no país. Além do sucesso do filme, suas reportagens para o noticiário do Channel 4 britânico foram reconhecidas com o prêmio Emmy americano.
Seu marido e pai de Sama é médico. Por isso, ela se engajou na manifestação da ONG Medical for Human Rights e leu mensagens de médicos que testemunharam os danos causados pelo bombardeio de hospitais em áreas controladas por rebeldes na Síria.
Em agosto, a ONU abriu uma investigação sobre alguns dos ataques, que Moscou nega ter realizado. A investigação deveria estar pronta no final de janeiro, mas foi adiada para meados de março.
Waad al-Kateab teme que os resultados da investigação nunca sejam publicados, o que levaria a “mais desinformação em vez de dizer a verdade sobre o que está acontecendo na Síria”.
Ela disse que não confia na ONU e em Guterres, e que a organização está “ajudando” a ofensiva do presidente Bashar al-Assad, no noroeste da Síria.
“Eles devem aceitar sua responsabilidade. Eles são as Nações Unidas. Eles não devem tomar partido e ajudar o regime de Assad”, disse o cineasta.