O ator José Lopes Índio, que marcou a produção de cinema da Boca do Lixo, morreu na madrugada desta sexta-feira (27/12) aos 78 anos, vítima de câncer de laringe.
Nascido em 1941 na cidade de Senhor do Bonfim, na Bahia, ele veio para São Paulo em 1959, quando tinha 18 anos. Depois de arranjar emprego como carregador de caminhão, conseguiu entrar na TV Excelsior, onde trabalhou nos bastidores de alguns programas, antes de se estabelecer nas produções cinematográficas da Boca do Lixo.
Hoje chamada de Cracolândia, a região do centro da capital paulista que era conhecida como Boca do Lixo concentrou a maior parte dos escritórios produção cinematográfica do país entre os anos 1960 e 1980, tendo papel importantíssimo nos ciclos do cinema marginal e da pornochanchada. No auge do pólo cinematográfico da região, São Paulo chegou a ultrapassar o Rio de Janeiro, com mais de cem filmes por ano, cerca de 80% deles feitos na Boca.
Descendente de índio, o ator que se chamava Índio acabou se tornando o principal intérprete indígena do cinema brasileiro, ainda que muitos de seus personagens fossem caricatos e inspirados em índios americanos, como numa famosa propaganda de TV da Philco de 1995.
Ele iniciou sua carreira no cinema no final dos anos 1960, com uma participação no filme “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), de Rogério Sganzerla. Depois, apareceu em produções de Ozualdo Candeias, Clery Cunha e Francisco Cavalcanti, entre outros diretores, mas sua principal parceria foi com Tony Vieira. Ele integrou o elenco de cerca de dez produções do cineasta, que se especializou em variações de western brazuca, do caipira ao cangaceiro, e até versões eróticas.
Também foi capanga de Zé do Caixão, contracenou com Mazzaropi e sofreu dezenas de mortes violentas nas telas.
No total, Índio participou de cerca de 70 produções e fez de figuração até efeitos especiais.
Um de seus últimos trabalhos foi em 2016 na novela “O Velho Chico”, na rede Globo, no papel do pajé Moacir.