Scorsese agora diz que donos de cinema deveriam se impor contra filmes da Marvel

O diretor Martin Scorsese voltou a criticar os filmes blockbusters ao estilo das produções Marvel e quer que os cinemas parem de exibi-los. Ao participar neste domingo (13/10) de um debate sobre […]

O diretor Martin Scorsese voltou a criticar os filmes blockbusters ao estilo das produções Marvel e quer que os cinemas parem de exibi-los. Ao participar neste domingo (13/10) de um debate sobre o futuro da indústria cinematográfica durante o Festival de Cinema de Londres, ele afirmou que os cinemas não deveriam ser “invadidos” por filmes do gênero, que transformam as salas de exibição em parques temáticos.

“Como eu disse antes, não é cinema, é outra coisa (…) e não deveríamos ser invadidos por isso. Então, isso é um grande problema, e precisamos que os donos de cinemas se imponham e permitam que as salas exibam filmes que sejam mais narrativos”, afirmou o cineasta.

O comentário reforça opinião que ele já havia manifestado anteriormente. No início do mês, durante entrevista para divulgar seu novo filme “O Irlandês”, o diretor disse pela primeira vez que os filmes da Marvel não são cinema e sim parques temáticos. “Não é o cinema de seres humanos tentando transmitir experiências emocionais e psicológicas a outro ser humano”.

As declarações já foram devidamente confrontadas nas redes sociais por diversos artistas relacionados às produções da Marvel.

Mas a insistência de Scorsese pode fazer parte de um estratagema para desviar atenção de seu problema particular com a questão. Afinal, seu novo filme é uma produção da Netflix, que fez os donos de cinemas se imporem para impedir que fosse exibida em suas salas. As frases de Scorsese contrastam com o fato de “O Irlandês” não estar sendo considerado cinema pelo parque exibidor. Tanto que a Netflix teve que alugar um teatro da Broadway para poder projetá-lo em Nova York.

Ao tentar polemizar com os filmes da Marvel, o cineasta parece tentar mudar de assunto e criar uma polêmica onde realmente nada existe. Afinal, o primeiro filme do parque temático de “Star Wars” foi lançado há meio século e só agora isso parece incomodar o diretor. E se a referência de parque temático for uma sacadinha para criticar diretamente a Disney, bem, a Disneylândia abriu quando Scorsese tinha 12 anos, inspirada em filmes. Na época, a criança Scorsese deve ter adorado.

Por outro lado, dizer que donos de cinema não deveriam exibir filmes que seriam “parques temáticos” equivale a defender a falência do mercado, o fim das telas IMAX, o fechamento de todos os cinemas 3D. Afinal, são os “parques temáticos” que mantém os cinemas lotados e, portanto, funcionando.

O lançamento de um filme de Scorsese na Netflix não vão ajudar a manter o cinema vivo, mas “Vingadores: Ultimato”, “Capitã Marvel” e “Homem-Aranha: Longe de Casa” vão, injetando mais de US$ 5 bilhões no mercado com sua bilheteria mundial, para citar apenas os lançamentos de 2019.

Sem os filmes da Marvel, as salas de cinema simplesmente fechariam. O avanço do streaming, formato preferido por Scorsese aos “parques temáticos”, demonstra que o público precisa de estímulo para sair de casa. Por isso, é cada vez mais necessário que filmes de espetáculo grandioso, como os projetados pela Marvel, sejam produzidos. São estes que mantém os cinemas lotados.