A 43ª. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que começa nesta quinta (17/10), contrasta sua vasta programação ao momento sinistro, em que atuar na área da Cultura no Brasil está cada vez mais difícil: pela crise, pelos cortes, pelos filtros, pelos ataques, pelas perseguições, vocês sabem… Um evento da magnitude e importância da Mostra ganha significado ainda maior do que sempre teve, nesse contexto. O trabalho incansável de Renata de Almeida e sua equipe é digno do maior reconhecimento. É um trabalho de resistência e que não perde o fôlego.
Senão, vejamos: mesmo com a perda de patrocínios, como o da Petrobras, a Mostra 43 vem com mais de 300 filmes de 45 países. Continua recebendo um número grande de convidados internacionais, promove uma Mostra Brasil ampliada, organiza o III Fórum da Mostra, debate filmes, lança livros, traz produções de realidade virtual, sessões especiais no Teatro Municipal, no Auditório Ibirapuera, no vão livre do MASP, exibições na CPFL de Campinas, itinerância em 12 cidades paulistas com o SESC e tudo o que tem feito dela o evento cinematográfico mais importante do país.
O cardápio de filmes exige que os cinéfilos se debrucem na programação para descobrir as pérolas de todos os cantos do planeta, que sempre existem, e os novos talentos de primeiro e segundo longas de cineastas de todos os quadrantes. Já os filmes premiados nos festivais pelo mundo, como o vencedor de Cannes “Parasita”, de Bong Joon-ho, requerem menos esforço para serem localizados. Assim como os candidatos de seus países ao Oscar de filme internacional.
“Wasp Network”, de Olivier Assayas, adaptação do livro de Fernando Morais “Os Últimos Soldados da Guerra Fria”, abre a Mostra. Assayas ainda será homenageado com o prêmio Leon Cakoff e uma retrospectiva com 14 obras exibidas nesta edição da Mostra. “Dois Papas”, o novo longa de produção internacional de Fernando Meirelles, protagonizado por Jonathan Pryce e Anthony Hopkins, fecha a programação no dia 30. E, entre eles, o melhor do cinema mundial, especialmente o cinema de alta qualidade artística, promotor de reflexões importantes que nos remetem aos dilemas do mundo atual.
Isso tudo vai acontecer em São Paulo, de 17 a 30 de outubro de 2019, em 34 salas de cinema, de 28 locais de exibição, entre eles os já tradicionais Cinearte, Cinesesc, Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca e Augusta, Petra Belas Artes, Reserva Cultural, Cinesala e Cinemateca Brasileira. O circuito Spcine, o Instituto Moreira Salles, o Museu da Imagem e do Som e o Itaú Cultural também estão novamente presentes na Mostra.
A central da Mostra fica no Conjunto Nacional, da avenida Paulista, onde podem ser adquiridas permanentes integrais (válidas para todas as sessões, sem restrição), especiais (para sessões de 2ª. a 6ª. feira, até as 17:55 h), ou pacotes de 40 ou de 20 ingressos. Assinantes da Folha têm desconto nas permanentes e associados plenos do Sesc têm preços promocionais, no Cinesesc. Ingressos individuais para as sessões somente nas salas dos cinemas, no dia de exibição do filme escolhido. Informações já podem ser obtidas na central da Mostra ou no site mostra.org. As vendas de permanentes e pacotes começam no dia 12 de outubro, sábado. Pacotes de 20 ingressos costumam se esgotar rapidamente. Como as sessões da Mostra costumam ser concorridas, vale a pena comprar pacotes ou permanentes, porque os ingressos podem ser tirados alguns dias antes da exibição do filme pretendido.
O cartaz da Mostra 43, de Nina Pandolfo, é de uma delicadeza que contrasta com os tempos de ódio, grossura e lacração que estamos vivendo. O cartaz (abaixo), como a própria Mostra, é um respiro de beleza e arte.