Academia celebra inclusão e diversidade na entrega dos Oscars honorários de 2019

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos entregou os Oscars honorários deste ano, numa cerimônia realizada no domingo (27/10) em Los Angeles. Chamado de Governors Awards (‘governors’ são os […]

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos entregou os Oscars honorários deste ano, numa cerimônia realizada no domingo (27/10) em Los Angeles. Chamado de Governors Awards (‘governors’ são os diretores da organização, não governadores de estados), o evento celebrou as carreiras dos cineastas David Lynch e Lina Wertmüller e do ator Wes Studi, além de homenagear a atriz Geena Davis com o Prêmio Humanitário Jean Hersholt.

Os temas da diversidade e inclusão, tanto sexual quanto racial, marcaram os discursos. Davis, uma das protagonistas de “Thelma e Louise” (1991), afirmou que o “road movie” clássico e feminista a incentivou a lutar pelo equilíbrio de gênero no cinema. “‘Me fez perceber de uma maneira muito poderosa as poucas oportunidades que damos às mulheres de sair de um filme sentindo-se empolgadas e empoderadas por personagens femininas”, disse a atriz sobre o filme de 1991. Desde então, ela tem se engajado na luta por mais espaço às mulheres no cinema e, em 2004, fundou um instituto que compila dados sobre preconceitos de gênero.

Ao receber o prêmio da Academia por este trabalho, ela pediu aos cineastas que revisem os projetos atuais e “risquem muitos nomes de personagens do elenco e os transformem em mulheres”. Responsável por entregar o troféu, a diretora e atriz Olivia Wilde afirmou que Geena Davis “estava 20 anos à frente do movimento #TimesUp”.

Aos 91 anos, a cineasta italiana Lina Wertmuller foi celebrada em Hollywood após mais de quatro décadas de sua façanha histórica, como a primeira mulher indicada ao Oscar de Direção (por “Pasqualino Sete Belezas”).

A questão racial, por sua vez, veio à tona com o reconhecimento da carreira de Wes Studi. O astro de “Dança com Lobos” (1990) e “O Último dos Moicanos” (1992) se tornou o primeiro ator nativo americano a receber um Oscar. “Eu gostaria apenas de dizer: já estava na hora”, declarou Studi, muito aplaudido. “Tem sido uma viagem selvagem e maravilhosa”, completou.

O prêmio de Studi aconteceu quase meio século depois de Marlon Brando rejeitar o Oscar de Melhor Ator por “O Poderoso Chefão” em protesto pelo tratamento dado aos nativos americanos pela indústria do cinema. Em 1973, ele enviou uma atriz indígena para discursar em seu nome.

“Poucas oportunidades no cinema, nos dois lados da câmera, foram concedidas a artistas nativos ou indígenas. Estamos em uma sala cheia de pessoas que podem mudar isso”, disse Christian Bale, que entregou o prêmio, após ter protagonizado com Studi o filme “Hostis”, de 2017.

A lista de homenageados se completou com o cineasta David Lynch, indicado três vezes ao prêmio de Melhor Diretor, mas que nunca venceu a estatueta. Considerado um dos principais cineastas americanos de sua geração, Lynch é o diretor de filmes cultuadíssimos como “O Homem Elefante” (1980), “Veludo Azul” (1986), “Coração Selvagem” (1990) e “Cidade dos Sonhos” (1999), além de criador da série “Twin Peaks”. Ele foi apresentado por Laura Dern e Kyle MacLachlan, que atuaram em vários de seus filmes, e descreveram Lynch como um “homem renascentista moderno”.

Os Oscars honorários são entregues todos os anos para homenagear as carreiras de grandes figuras do cinema. A cerimônia passou a acontecer em um evento separado da premiação da Academia em 2009 para render homenagens mais longas que as permitidas pelo tempo apertado da exibição televisiva. Os homenageados também são apresentados durante a transmissão do Oscar, cuja próxima edição vai acontecer em 9 de fevereiro.