Os Testamentos: Continuação de O Conto da Aia reflete realidade cada vez mais parecida com Gilead

“Os Testamentos” (The Testaments), aguardada sequência do livro “O Conto da Aia”, foi lançado oficialmente nesta terça-feira (10/9) nos Estados Unidos. E para divulgar a publicação, a escritora canadense Margaret Atwood deu […]

“Os Testamentos” (The Testaments), aguardada sequência do livro “O Conto da Aia”, foi lançado oficialmente nesta terça-feira (10/9) nos Estados Unidos. E para divulgar a publicação, a escritora canadense Margaret Atwood deu uma entrevista disputada sobre a obra.

“O Conto da Aia” é considerado um dos maiores clássicos da ficção científica contemporânea e louvado como referência para as lutas feministas. Atwood garante que a história é menos fantasiosa que parece, pois os atos de repressão descritos no livro foram inspirados por acontecimentos da vida real.

Para reforçar esse ponto, ela afirmou que a série “The Handmaid’s Tale”, adaptação bem-sucedida de seu livro original, não foi a principal inspiração para continuar a história de 1985. Na verdade, o que a motivou a retomar o mundo de Gilead, distopia totalitária de um futuro no qual as mulheres não têm direitos e o estupro é uma prática estatal, foi a realidade.

“À medida que o tempo passou, em vez de nos distanciarmos de Gilead, começamos a nos aproximar dela, particularmente nos Estados Unidos”, ela comparou, em uma entrevista coletiva realizada em Londres, diante de dezenas de jornalistas internacionais.

“Se vocês olharem as medidas legislativas de uma série de Estados dentro dos Estados Unidos, podem ver que alguns deles estão quase lá. Mas o que estas leis restritivas sobre os corpos das mulheres estão reivindicando é que o Estado seja dono de seu corpo”.

O aborto é um dos temais mais polarizadores da política americana, assim como no Brasil. Os políticos que se opõem ao aborto muitas vezes citam crenças religiosas para classificá-lo como imoral, enquanto defensores qualificam as restrições como uma intrusão nas escolhas das mulheres, sendo inclusive prejudicial à sua saúde.

“Para uma sociedade que afirma valorizar a liberdade individual, eu diria a eles que, evidentemente, vocês não pensam que esta liberdade individual se estende às mulheres”, declarou Atwood, que faz 80 anos em novembro.

Os fãs brasileiros precisarão esperar um pouco mais para ler o novo livro da escritora com tradução oficial em português. A previsão de lançamento no Brasil é apenas para novembro, pela editora Rocco, que confirmou que a obra será batizada com a tradução literal de seu título original.

A trama se passa 15 anos após “O Conta da Aia” e é narrada por três mulheres: uma jovem aia que cresceu na sociedade opressora, uma adolescente canadense que descobre ter nascido em Gilead e a tia Lydia, uma das grandes vilãs do primeiro livro – e também da série “The Handmaid’s Tale”, produção da plataforma Hulu exibida no Brasil pela Globoplay e pelo canal pago Paramount.

“Os Testamentos” também vai ser adaptado pela plataforma Hulu nos Estados Unidos.

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