O Festival de Veneza foi palco, nesta quarta (4/9), da première de “Mosul”, primeiro filme de ação de Hollywood falado inteiramente em árabe.
Produzido pelos diretores Joe e Anthony Russo, responsáveis pelo blockbuster “Vingadores: Ultimato”, “Mosul” acompanha a equipe Nínive SWAT da polícia iraquiana, cujos integrantes lutaram para retomar sua cidade (Mossul, do título em inglês do filme) do domínio do Estado Islâmico.
O filme marca a estreia na direção do roteirista americano Matthew Michael Carnahan, que anteriormente visitou temas do Oriente Médio em seus roteiros de “O Reino” e “Leões e Cordeiros” (ambos de 2007). O próprio Carnahan assina a trama, que é baseada numa história real e foi inspirada por uma reportagem da revista New Yorker.
Na entrevista coletiva do lançamento, ele disse que sua condição para realizar o longa era que fosse filmado em árabe, mas ele ficou chocado quando os Russo aceitaram de imediato.
Joe Russo aproveitou para afirmar que nem ele nem o irmão hesitaram “um segundo” diante do desafio de produzir um filme falado numa língua estrangeira. O cineasta garantiu que chegou a chorar quando leu a reportagem sobre essa unidade, formada por agentes que perderam sua família nas mãos do EI, e que isso lhe fez considerar que precisava ser o mais fiel possível.
“Eu nunca tinha lido uma reportagem jornalística e chorado no final. O empenho desta equipe e todos em Mossul me levou às lágrimas. Aquilo precisava ser contado da forma mais autêntica possível. Não tinha outra forma de fazer isso”, explicou.
Os Russo afirmaram, ainda, esperar que este filme represente uma reviravolta na forma como muçulmanos são retratados por Hollywood e se dizem orgulhosos de poder fazer parte desta História, por meio de sua produtora. “Mosul” é uma das primeiras produções da nova empresa dos irmãos, a AGBO.
Para realizar o filme, eles trabalharam com um produtor-executivo iraquiano, Mohamed Al Daradji.
Presente na coletiva, Daradji disse que ‘Mosul’ pode realmente ajudar a eliminar estereótipos racistas: “Estou muito otimista de que este filme possa abrir caminho para Hollywood fazer filmes mais positivos sobre o mundo árabe e o Oriente Médio”.
Ele ponderou que, finalmente, Hollywood vai mostrar heróis que são “reconhecidamente iraquianos, árabes e muçulmanos”. “Nunca temos a chance de ter uma história árabe contada de forma positiva. A propósito, somos seres humanos que nem você”, brincou o produtor. “Infelizmente, fomos retratados de uma forma ruim por muito tempo. Sofri com isso, todos tivemos experiências assim”, acrescentou.