Dinheiro originário de multas pagas por condenados por explorar trabalho escravo no Brasil tem sido destinado para financiamento de produções de desenhos animados, longas-metragens e séries com o intuito de sensibilizar o público sobre violação de direitos humanos. A revelação foi feita pela agência Reuters.
As produções vão de desenhos animados e filmes sobre trabalho infantil até uma minissérie da HBO.
O juiz do trabalho Jonatas Andrade destinou R$ 1 milhão ao filme “Pureza”, estrelado por Dira Paes e Matheus Abreu, que conta a história da ativista Pureza Lopes (Dira), que viajou pelo Brasil à procura de seu filho (Abreu), escravizado em uma fazenda. E o procurador Luiz Carlos Fabre costurou um acordo para que o Ministério Público do Trabalho financiasse, no valor de cerca de R$ 200 mil, uma série sobre trabalho infantil para a HBO Latin America, ainda sem data de lançamento.
De acordo com a lei brasileira, esse tipo de recurso deve ser destinado às vítimas ou gasto de forma a ajudar a comunidade afetada.
“Opinião pública é fundamental”, disse Fabre à Reuters, justificando o investimento.
Segundo a agência internacional, a falta de critério pelos quais o dinheiro das multas tem sido usado preocupa alguns analistas. Entretanto, a Reuters cita não quem seriam estes analistas.
Vale lembrar que em 30 de julho o presidente Jair Bolsonaro disse que no Brasil há uma “minoria insignificante” que explora seus trabalhadores de forma semelhante à escravidão, e que pretende mudar a legislação sobre o tema, porque ela “leva o terror para o produtor”. O objetivo é justamente eliminar ou diminuir essas multas.