A produtora Shannon Lee, filha do ator Bruce Lee, retrucou as declarações de Quentin Tarantino sobre a forma como ele retratou o icônico astro dos filmes de ação em “Era Uma Vez em Hollywood”.
“Ele deveria calar a boca sobre isso”, disse Shannon para a revista Variety. “Isso seria ótimo. Ou ele apenas poderia pedir desculpas pelo que disse: ‘Eu não sabia como Bruce Lee era de verdade. Eu apenas escrevi meu filme, mas isso não deveria refletir sobre como ele era mesmo”.
A briga entre Shannon Lee e Tarantino se tornou pública quando ela reclamou do tratamento dado a seu pai pelo novo filme do diretor. Ela disse que não gostou de ver Bruce Lee representado como arrogante, já que, na década de 1960, o mercado do cinema para asiáticos era complicado, diferentemente do retratado no filme. Na história de seu pai, foram comuns casos em que atores brancos pegaram papéis que podiam ser dele, passando-se por asiáticos.
Tarantino não aceitou a crítica e respondeu, durante o lançamento do filme na Rússia, que “Bruce Lee era meio que um cara arrogante mesmo”. “O jeito que ele falava… Eu não inventei, ouvi ele falar coisas como essas. As pessoas me dizem ‘Ele nunca disse que poderia derrotar Muhammad Ali’, mas ele disse sim. E não foi só ele quem disse isso, sua esposa também. A primeira biografia dele que li foi ‘Bruce Lee: The Man Only I Knew’, de Linda Lee, e ela absolutamente disse isso.”
A aparição de Bruce Lee (vivido por Mike Moh) no filme incluiu uma luta contra Cliff Booth, o dublê fictício interpretado por Brad Pitt. A cena também gerou controvérsia, já que Lee é conhecido como um dos maiores mestres das artes marciais, o que deixa a ideia de que um dublê estaria a sua altura um tanto quanto “irreal”. Entretanto, Tarantino afirmou que seu personagem é fictício e que a ficção aceita tudo.
O detalhe é que a cena seria ainda mais polêmica, se Brad Pitt não tivesse se sentido incomodado e pedido para Tarantino mudá-la. No roteiro original, o dublê vencia o mestre, em vez da luta ser interrompida enquanto estava empatada.
A informação foi compartilhada pelo coordenador de dublês do filme, Robert Alonzo, que revelou, em entrevista ao HuffPost, que a cena original traria uma luta muito maior, em que o personagem de Pitt acabaria dando um golpe baixo e vencendo a briga.
“Sei que Brad expressou sua preocupação, e nós todos tínhamos preocupação com a derrota de Bruce. Especialmente para mim, que sempre idealizei Bruce Lee como um ícone, não apenas no reino das artes marciais mas também do modo que ele via a vida e a filosofia. Ver seu ídolo perder é muito triste”.
“Todos os envolvidos ficaram ‘como que isso vai acontecer?’ Brad foi muito contra. Ele falava ‘é Bruce Lee, cara!'”, contou o coordenador.
Apesar da polêmica, “Era uma Vez em Hollywood” se tornou o quarto filme de Tarantino a faturar mais de US$ 100 milhões na América do Norte, e deve se tornar a 3ª maior bilheteria doméstica do diretor no próximo fim de semana.
Passado em Los Angeles no ano de 1969, o filme acompanha personagens fictícios e reais, retratando os bastidores de Hollywood no período.
A estreia no Brasil acontece nesta quinta-feira (15/6).