Atriz de Mulan ataca manifestações pela democracia em Hong Kong e inspira pedidos de boicote ao filme

A pressão do governo chinês sobre artistas do país, que estão sendo convocados a dar depoimentos favoráveis à repressão do movimento pró-democracia em Hong Kong, não deve prejudicar a carreira de astros […]

Divulgação/Disney

A pressão do governo chinês sobre artistas do país, que estão sendo convocados a dar depoimentos favoráveis à repressão do movimento pró-democracia em Hong Kong, não deve prejudicar a carreira de astros veteranos como Jackie Chan e Tony Leung Ka-fai, pois seus filmes mobilizam milhões de espectadores em seu país natal. Mas a Disney pode sofrer danos colaterais após sua nova estrela aderir à onda.

Liu Yifei, protagonista de “Mulan”, usou a plataforma Weibo para dizer que “apoia os policiais” que estão reprimindo brutalmente as manifestações e que as críticas à repressão são “uma vergonha para Hong Kong”.

A cidade chinesa, que tem autonomia em relação ao governo central do país, enfrenta uma série de manifestações pró-democracia e contra um projeto de lei de extradição que, se aprovado, pode favorecer a parcialidade em seus tribunais.

A declaração da estrela de “Mulan” foi provocada pelos manifestantes, que estavam usando o Twitter para pedir um posicionamento da atriz sobre o movimento. Após a resposta, agora querem saber a opinião da Disney e já sugerem um boicote ao filme.

“A atriz de ‘Mulan’, Liu Yifei, apoia a brutalidade policial e a opressão em Hong Kong, mas é uma cidadã americana naturalizada. Deve ser legal. Ela irrita as pessoas que lutam pela democracia”, escreveu uma pessoa.

Entretanto, a questão não é assim tão simples. A China é um país totalitário. Muitos confundem a liberdade econômica que tornou o gigante asiático numa potência comercial com a chegada de uma suposta democracia à região, mas a ditadura comunista continua no poder. E sua capacidade de retaliação lembra pesadelos stalinistas, com artistas sendo presos na calada da noite apenas por criticarem o governo ou por agirem de forma a contrariar os princípios do partido.

Vale lembrar do sumiço forçado da atriz Fan Bingbing, que foi levada a lugar desconhecido e “pressionada” por cerca de um mês para confessar supostos crimes de sonegação de impostos, sendo liberada apenas após “pedir perdão” ao povo chinês pela mesma Weibo e assumir a culpa pelo que o governo a acusava.

Na semana passada, veio à tona a notícia de que a China estava obrigando todos seus estúdios e artistas a boicotar a mais tradicional premiação do cinema da região, porque ela é realizada em Taiwan, que, como Hong Kong, rebela-se contra o poder central. Se algum artista chinês participar ou for premiado na próxima edição do Golden Horse Awards, ficará proibido de trabalhar no país.