A atriz Melissa Benoist, intérprete de Supergirl na televisão, postou em seu Instagram uma foto do novo visual da heroína na 5ª temporada da série.
A imagem troca a minissaia vermelha da personagem por uma calça comprida azul. E acrescenta franjas ao rosto da atriz.
Não há informação a respeito de como esse uniforme vai aparecer na série. Se será trajado num episódio específico ou se representará o novo visual oficial da personagem.
Mas bastou a sugestão para trazer à tona uma discussão sobre feminismo e empoderamento. De um lado, há quem entenda a opção como forma de eliminar a objetificação da heroína. Por outro lado, deveria ser óbvio que empoderamento não significa sacrificar a sensualidade – em outras palavras, mulheres não precisam se vestir como homens para se provarem poderosas.
O traje original era uma adaptação fiel dos quadrinhos, como todos os demais uniformes dos heróis das séries da DC Comics. O novo é criação da equipe de televisão.
Entretanto, Supergirl já usou calças nos quadrinhos. Durante os anos 1970, ela teve um arco duradouro de aparições com diferentes trajes, durante uma “crise” fashion, adotando de calças a shorts, até que os leitores votaram no seu uniforme favorito – o mais parecido com o tradicional.
Originalmente, ela foi desenhada com uma minissaia azul por Al Pastino em sua primeira aparição em 1959 – inspirada pelas personagens femininas da série sci-fi “Space Patrol” (1950-1955) – , anos antes da estilista Mary Quant transformar o visual em revolução de costumes. Mas só adotou a minissaia vermelha após a crise nas infinitas modas, seguindo um período com shorts da mesma cor em 1975. Vale mencionar que, nos anos mais recentes, passou a usar uma bermuda ciclista sob a minissaia.
Para a discussão politicamente correta, ainda é importante trazer o argumento do site feminista The Mary Sue, que, em 2015, quando a série estreou, vibrou com o fato de Supergirl lutar com uma minissaia, porque dizer que ninguém consegue fazer cenas de ação com saias era um argumento machista – além de ignorar que os romanos conquistaram o mundo lutando de saias.
As temporadas mais recentes de “Supergirl” têm sido altamente politizadas, com a inclusão de personagens LGBTQ+ e a primeira super-heroína transexual da televisão, Sonhadora.
Mas existe, ironicamente, uma linha muito tênue entre representar valores progressistas e adotar costumes conservadores. Cobrir as pernas era algo que a sociedade exigia das mulheres antes da revolução sexual dos anos 1960. E também é o argumento de todo estuprador para atacar quem “está pedindo” por isso.
Fica a questão: em vez de cobrir Supergirl, não seria mais progressista mostrar Sonhadora de minissaia?