A Netflix anunciou a produção de uma série documental sobre Wallace Souza, ex-apresentador de TV e deputado, que foi preso por orquestrar mortes e produzir cenas de crime para passar em seu programa na televisão.
Apesar do tema, o projeto não é brasileiro, mas das produtoras britânicas Caravan e Quicksilver. O título original também é em inglês, “Killer Ratings”, uma expressão de duplo sentido que se refere a números “matadores” (altos) de audiência, mas também um trocadilho com assassinatos.
Wallace Souza chamou atenção com o programa “Canal Livre”, que apresentava em Manaus. A atração ganhou fama por encontrar cenas de crime e exibi-las antes de a polícia ter chegado ao local – como no filme “O Abutre”.
Após investigação, Souza passou a ser acusado de encomendar mortes e criar cenas de crime, com o intuito exclusivo de mostrá-las no programa. Um ex-segurança do apresentador o acusou de ser chefe de uma organização criminosa.
O apresentador também foi deputado, mas acabou cassado no final de 2009 e expulso do PP depois de ser acusado pela Polícia Civil de mandar matar traficantes de drogas para aumentar a audiência de seu programa de TV.
Acabou preso por suspeita de ligações com crimes, incluindo formação de quadrilha, tráfico de drogas e homicídio. Durante sua defesa, alegou inocência.
Souza morreu em 2010, vítima de parada cardíaca e infecção generalizada.
A produção de “Killer Ratings” entrevistou pessoas ligadas ao programa de Souza, amigos, parentes e fontes policiais, e promete mostrar cenas inéditas do “Canal Livre”. A direção é de Daniel Bogado, que já ganhou diversos prêmios por seus documentários para o Channel 4 britânico, especializando-se na cobertura de conflitos africanos.
“O que eu achava que sabia sobre Wallace Souza se mostrou ser só o ponto de partida de uma história extraordinária. Quando procuramos a fundo, vimos que os eventos eram de deixar queixos caídos, dignos de um roteiro de Hollywood”, afirmou Bogado.
A série documental terá sete episódios e ainda não possuiu previsão de estreia.