Depois de “Viva a Liberdade”, em 2013, e “As Confissões”, em 2016, o cineasta italiano Roberto Andò vem com um suspense cheio de mistérios e coisas a serem descobertas pouco a pouco. O fio condutor é um crime ocorrido há 50 anos, numa capela de Palermo, na Sicília, o roubo da pintura Nativitá, de Caravaggio, que segue sem solução.
Não seja por isso, a ficção se encarrega de criar uma história que envolve uma escritora fantasma de um roteirista bem sucedido, que é conhecida apenas como secretária de um produtor de cinema. Ela tem acesso a uma oferta de uma história espetacular, mas muito perigosa. Vai dar na máfia, claro. Afinal, estamos em Palermo.
Uma trama intrincada vai se desenvolvendo. Nada, ou pouco, se dá a conhecer à primeira vista. O quebra-cabeças vai se formando, fazendo sentido, e trazendo muitos outros elementos à trama. Em especial, pelos relacionamentos que se estabelecem e se transformam, dando ritmo aos eventos.
“O Caravaggio Roubado” tem boas sequências, é visualmente bonito, tem ótimos desempenhos, mas se perde na falta de fluidez. Há uma preocupação excessiva em permanecer num clima de mistério constante que, se estimula de um lado, cansa de outro. Tensão e enigma não faltarão aos espectadores que forem ver o filme.
O grande destaque vai para a protagonista Valéria, desempenho excelente de Micaela Ramazzotti (atriz de “Loucas de Alegria”), e para o papel de Renato Carpentieri (“Corpo Celeste”), muito bom. Alessandro Gassman (filho do lendário ator Vittorio Gassman) está num papel menor, mas central da trama, como o roteirista Alessandro Paes. O filme conta, ainda, com a participação especial do grande cineasta polonês Jerzy Skolimovski (“Matança Necessária”).