Paul McCartney começou a carreira cantando que só queria pegar na mão e isso rendeu histeria coletiva de milhões de adolescentes. 55 anos depois, sua nova canção assume que ele quer é f*der mesmo. A menção a sexo em “Fuh You” é tão explícita quanto num funk proibidão, mas embalada por romantismo e amenizada por trocadilho. Deu onda.
“Eu só quero saber como é sentir você/ Quero amar a alma, orgulhosa e verdadeira/ Você me faz querer sair por aí e roubar/ Eu só quero ‘fuh’ você, eu só quero ‘fuh’ você”, canta Paul no refrão.
O clipe que acompanha o single contextualiza a narrativa, ao mostrar um adolescente dos dias de hoje compartilhando um beijo com uma garota na porta da casa dela em Liverpool, cidade natal do eterno Beatle, apenas para ter o ato interrompido pela mãe da jovem. Com o desejo reprimido, ele faz seu caminho de volta para casa, enquanto expressa o que realmente queria. A caminhada se transforma em dança e traquinagens, até que outros meninos do bairro fazem alusões sexuais ao seu encontro, fazendo-o sorrir, antes de chegar a seu destino, sonhando com um novo encontro e uma forma diferente de gastar sua energia hormonal.
O fato de ser gravado em preto e branco e registrar uma vizinhança de classe média baixa também é uma homenagem ao cinema britânico dos anos 1960, que abordava a sexualidade reprimida dos adolescentes e trabalhadores da classe baixa da época.
É um “flashback atual”, que confirma que o imperativo biológico é imutável. Melhor isso que registrar um vovô safadão. Mas o mais provável é que os ouvintes desavisados nem façam essa conexão, visto que a melodia grudenta e o arranjo “moderno” é facilmente confundível com alguma gravação do pop recente, como os hits de Ed Sheeran. Para se ter uma comparação, “Sign of the Times”, de Harry Styles, parece mais Paul McCartney que a faixa atual.
“Fuh You” foi coescrita e produzida por Ryan Tedder (da banda pop americana OneRepublic) e faz parte do novo disco de McCartney, “Egypt Station”, lançado na última sexta (7/9).