Cristopher Robin é fofo e previsível como um filme convencional da Disney

Pelo trailer, já era possível prever que “Christopher Robin” seria um filme fofo. É sobre o menino que era o amigo humano do Ursinho Pooh, Tigrão, Leitão e Ió. Só que ele […]

Pelo trailer, já era possível prever que “Christopher Robin” seria um filme fofo. É sobre o menino que era o amigo humano do Ursinho Pooh, Tigrão, Leitão e Ió. Só que ele cresceu e ser adulto é chato demais e desgastante. Mas, num belo dia, Christopher Robin (chamado o filme inteiro por nome e sobrenome) reencontra Pooh e, finalmente, terá a chance de equilibrar a criança dentro dele (desaparecida há tempos) com a vida adulta, em especial no que diz respeito ao papel de pai.

Vamos falar a verdade, então, porque você viu esse filme antes, várias vezes e, mesmo assim, entra no cinema para gostar. Afinal, desta vez o Ursinho Pooh está lá.

O problema é que não há uma cena memorável, nem um momento surpreendente do início ao fim da projeção. “Christopher Robin” é exatamente o filme que você espera, inclusive tecnicamente, com fotografia, figurinos, cenários, trilha, efeitos visuais impecáveis e o carisma habitual de Ewan McGregor no papel-título.

Em “Titanic”, você sabe que o navio vai afundar, mas nem por isso deixa de ser surpreendido pela história. Um ou outro espectador pode não gostar do filme de James Cameron, mas ele não é lembrado por ser um filme de naufrágio.

Pois “Christopher Robin”, mesmo quando ameaça seguir um caminho diferenciado, como o lampejo de importância da melancolia na vida adulta, flertando até mesmo com uma abordagem mais sombria que o normal para os padrões Disney, não demora muito para conduzir tudo pela cartilha. O resultado é um filme muitas vezes indeciso sobre qual tom seguir, o que lhe deixa sem conquistar inteiramente nem crianças nem adultos. Mas não deixa de ser fofinho, como esperado.

Difícil é acreditar que essa limitação pertença ao diretor Marc Forster, que assinou o incrível “Em Busca da Terra do Nunca”. Embora tenha feito filmes de diferentes gêneros, era grande a expectativa para a volta do cineasta ao terreno da fantasia (e do tema que divaga sobre o conflito “adulto vs criança” que existe em todos nós). Mas “Em Busca da Terra do Nunca” não era Disney, tinha um Marc Forster maduro falando a todas as idades sobre a criação de Peter Pan e é um filme lindo. Já “Christopher Robin” é Disney, traz o diretor abraçando seu lado infantil como contador de histórias e dando ao filme uma direção muito mais conservadora e previsível, inclusive em sua manipulação de emoções.