A notícia de que Idris Elba (“A Torre Negra”) está cotado para virar o próximo ator a interpretar James Bond é mentirosa. Foi inventada pelo tabloide Daily Star e replicada à exaustão até pela grande imprensa, ampliando o alcance da mentira inglesa para o mundo inteiro. No Brasil, ela foi divulgada por portais como UOL e R7, jornais como O Globo, Estadão e O Tempo, e sites especializados como Omelete, AdoroCinema e CineClick.
A mentira original foi escrita de forma a soar convincente. E conseguiu demonstrar como a mídia é vulnerável às fake news, ao propagar sem checar um texto com declarações inventadas sobre uma conversa que nunca aconteceu, testemunhada por uma fonte que nunca existiu.
O texto original citava uma fonte que teria ouvido uma conversa de um terceiro sobre o que um quarto achava de Idris Elba como James Bond. Uma construção no mínimo pouco ortodoxa.
A suposta notícia trazia uma declaração do diretor americano Anthony Fuqua (“O Protetor”), dita durante um jantar, sobre uma conversa com Barbara Broccoli, produtora da franquia 007, em que ela afirmava que “era hora” do famoso espião ser interpretado por um ator negro. Ele acrescentou: “Idris poderia fazer isso se estiver em forma. Você precisa de um cara com forte presença física. Idris tem isso.”
O blog Heat Vision do site da revista The Hollywood Reporter desconfiou e foi checar. E Anthony Fuqua nunca disse isso. “Ele nunca teve uma conversa com Barbara sobre a franquia ou sobre qualquer elenco. É tudo inventado”, disse o representante do ator à publicação.
Não é a primeira vez que o nome de Idris Elba é citado como substituto provável de Daniel Craig no papel do agente secreto 007. Os rumores existem há pelo menos cinco anos. Assim como boatos sobre Tom Hiddleston (“Thor”) e Aidan Turner (série “Poldark”) assumirem o papel.
Pipoca Moderna não deu esta notícia, como várias outras desmentidas nos últimas dias por serem “rumores” inventados para aumentar a visibilidade de veículos mal-intencionados.
Como evitamos a armadilha? A principal regra nesses casos é verificar a fonte. E o Daily Star é o menos confiável dos nada confiáveis tabloides britânicos. O tabloide já sofreu vários processos e pagou milhões em indenizações por inventar escândalos falsos em suas páginas. E isto desde os anos 1980! Por conta disso, absolutamente nada que seja exclusivo do Daily Star – ou da revista da mesma editora, OK! Magazine – é publicado pela Pipoca Moderna.
Uma lista negra de publicações e jornalistas é o básico para quem quiser priorizar credibilidade sobre visualizações alimentadas por notícias falsas. Pelo bom funcionamento da imprensa (mesmo a imprensa digital), é preciso dar um basta na manipulação feita pelas fake news.