Os advogados de Stan Lee conseguiram uma ordem de restrição mais longa contra Keya Morgan, que até recentemente se apresentava como o único empresário autorizado a fechar negócios em nome do artista. Uma juíza ordenou que o antigo negociante de memorabilia transformado em gerente financeiro ficasse longe do magnata dos quadrinhos por três anos, aceitando as alegações de abuso de idoso, que já tinham justificado uma ordem provisória.
A juíza da Corte Superior de Los Angeles Laura Hymowitz emitiu a ordem de restrição na manhã desta sexta (17/8) e obriga Morgan a se manter a pelo menos 100 metros de distância de Lee e de sua família, sob risco de prisão.
Morgan assumiu o controle dos negócios e da vida pessoal de Lee em fevereiro e supostamente isolou-o das pessoas mais próximas e de confiança, aproveitando-se para se promover a gerente financeiro e dar um desfalque de US$ 5 milhões nas contas do criador dos quadrinhos da Marvel, de acordo com documentos judiciais.
O pedido de ordem de restrição acusa Morgan, de 42 anos de idade, e tirar proveito de um frágil Lee, que, aos 95 anos, sofre de deficiência auditiva, visão e julgamento.
“Sr. Lee tem uma grande propriedade no valor de mais de US$ 50 milhões e, portanto, é vulnerável a predadores financeiros”, argumentam os advogados nos documentos do tribunal.
De acordo com as alegações da ação penal, a última interação de Morgan com Lee foi quando ele e sua mãe “sequestraram” o escritor de sua casa e o levaram para um apartamento, num “último esforço para completar (sic) o corte de qualquer comunicação com alguém que não seja ele mesmo e aqueles que ele poderia controlar.
Além da ordem de restrição, Keya Morgan responde a um processo por falsa informação de crime.
De acordo com a transcrição de uma chamada telefônica feita em 30 de maio da casa de Stan Lee, o empresário ligou para o serviço de emergência afirmando que “três estranhos” tinham invadido a casa, bloqueando sua segurança com o objetivo de “prejudicar” Lee.
Mas documentos do processo contra o empresário revelaram que os estranhos eram na verdade dois policiais de Los Angeles e uma assistente social, que queriam realizar uma verificação do bem-estar do escritor. Morgan teria tentado impedir o encontro com Lee por meio da chamada de emergência. Ele não queria que a polícia falasse com o escritor.
O empresário ainda fez uma segunda ligação para o serviço 911 no dia seguinte, depois que um guarda de segurança se recusou a assinar um acordo de confidencialidade sobre o que teria visto. Ele teria dito a um operador do 911 que um homem estava armado e sendo agressivo em casa, o que fez com que um helicóptero e cinco carros de patrulha fossem despachados para a propriedade de Lee.
Verificada a falsidade das duas denúncias, Morgan foi indiciado e preso, sendo libertado após pagar fiança de US$ 20 mil.
Isto aconteceu uma semana após escritor gravar um vídeo e postar nas redes sociais, afirmando que o empresário era o único que o representava e único autorizado a fazer negócios em seu nome. Este vídeo ficou no ar na conta oficial de Stan Lee durante dois meses, antes de ser deletado.