Em entrevista inédita, Romy Schneider revela que sua mãe era amante de Hitler

Um documentário produzido pelo canal europeu Arte vai trazer à público, pela primeira vez, uma entrevista inédita da atriz Romy Schneider, falecida há 36 anos, em que a estrela austríaca de cinema […]

Um documentário produzido pelo canal europeu Arte vai trazer à público, pela primeira vez, uma entrevista inédita da atriz Romy Schneider, falecida há 36 anos, em que a estrela austríaca de cinema revela que sua mãe era amante de Hitler.

A entrevista foi gravada em 1976 pela feminista Alice Schwarzer e, após perceber o que tinha contado, Romy fez a entrevistadora prometer manter a revelação em segredo. “Nunca falei disso com ninguém porque respeitei sua vontade. Mas para entender o seu desespero, a sua vulnerabilidade, percebi que é importante saber disso. E agora já se pode revelar”, afirmou Schwarzer, em comunicado, considerando os anos que se passaram desde a morte da atriz.

Intitulado “An Evening with Romy”, o documentário do Arte, sediado na França, pretende exibir a entrevista em 16 de setembro. Toda a conversa é feita em francês, para destacar o descontentamento da atriz até com a língua alemã. Após se tornar conhecida aos 17 anos pela série de filmes sobre a imperatriz Sissy, na Alemanha dos anos 1950, Romy lutou o resto de sua carreira para destruir a imagem da mulher ariana perfeita, mudando-se para Paris e filmando em inglês e francês até sua morte por suicídio.

Romy e sua mãe, a também atriz Magda Schneider, sempre tiveram uma relação complicada. Ela nunca a perdoou por visitar Hitler em Obersalzberg, onde o ditador nazista tinha sua casa de veraneio. Segundo Shwarzer, Romy estava completamente convencida de que sua mãe tinha dormido com Hitler. Magda era a atriz favorita do Führer.

A gravação também revela a fragilidade da atriz, que sofria de depressão e seis anos depois morreria de ataque cardíaco, numa espiral alcoólica precipitada pela dor causada pela morte do filho. Durante a entrevista, ela teria chorado em diversas ocasiões.

As revelações incluem tentativas de abuso de seu padastro e a inveja que ela tinha de Alain Delon, seu primeiro marido, que a fez acreditar que não conseguiria mais bons papéis. “Eu era muito invejosa e pensava: o que vai ser de mim agora?”. Ela também expressa seu desespero por ter sido a atriz de Sissi, e se tenha tornado um símbolo e de projetar uma imagem que nunca foi a dela.

Uma das estrelas mais lindas do cinema, Romy entrou para a história da sétima arte como protagonista de diversos clássicos, em que trabalhou com alguns dos maiores cineastas de sua época. A lista inclui, entre outros, “O Processo” (1962), de Orson Welles, “O Cardeal” (1963), de Otto Preminger, “O Inferno” (1964), de Henri-Georges Clouzot, “Espionagem Internacional” (1966), de Terence Young, “A Piscina” (1969), de Jacques Deray, “Ludwig: A Paixão de um Rei” (1973), de Luccino Visconti, “O Importante é Amar” (1975), de Andrzej Zulawski, “Assassinato por Amor” (1975), de Claude Cabrol, “Um Homem, uma Mulher, uma Noite” (1979), de Costa-Gavras, e “A Morte ao Vivo” (1980), de Bertrand Tavernier.