Três homens encontrados mortos na República Centro-Africana na segunda-feira (30/7) foram identificados pelo Ministério do Exterior da Rússia como o premiado documentarista Aleksandr Rastorguev, o cameraman Kirill Radchenki e o jornalista Orkhan Dzhemal.
O motorista do trio deu entrevista para a agência de notícias Reuters, descrevendo como um grupo de homens armados encurralou o grupo perto da cidade de Sibut. Ele escapou ileso, o que sugere uma execução planejada.
Achados a 300 quilômetros da capital do país, Bangui, os três homens trabalhavam em um novo filme sobre uma empresa de segurança privada africana que tinha laços excusos com o governo da Rússia. O documentário seria bancado pelo The Centre for Investigation, organização do magnata do petróleo e exilado russo Mikhail Khodorkovsky, um dos maiores críticos de Vladimir Putin.
Em seu site oficial, Khodorkovsky confirmou que a equipe de documentaristas foi morta. Ele revela que o filme em que eles trabalhavam teria enfoque especialmente no The Wagner Group, que fontes da Reuters descreveram como “um grupo de mercenários que realizou missões clandestinas para o governo russo na Ucrânia e na Síria”.
No entanto, são ainda circunstanciais as evidências que liguem o assassinato dos documentaristas ao conteúdo do filme ou ao governo russo, que prometeu investigar as mortes. Khodorkovsky também disse que vai começar uma investigação particular do incidente.
Rastorguev se tornou conhecido pelo documentário “Srok”, de 2014, no qual mergulhava no movimento de oposição a Putin dentro da Rússia. O filme venceu o prêmio de Melhor Documentário pelo Russian Guild of Film Critics, prêmio da crítica local, e foi selecionado para o prestigiado Festival de Karlovy Vary, na República Tcheca.