A fusão da AT&T e da Time Warner recebeu aprovação na Justiça Federal dos Estados Unidos, contrariando a vontade do governo de Donald Trump de impedir o crescimento da empresa dona da rede CNN.
O juiz Richard Leon rejeitou a alegação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos de que combinar a segunda maior empresa de telecomunicações e maior provedora de TV paga do país com um dos principais estúdios de cinema e televisão concentraria muito poder nas mãos de uma única empresa.
Em sua decisão, ele julgou que o governo não conseguiu demonstrar como a concentração de conteúdo, tecnologia e distribuição resultaria em preços mais altos para os consumidores e prejudicaria a concorrência, já que os representantes do Departamento de Justiça não apresentaram dados concretos, baseando sua argumentação em afirmações empíricas.
Ao mesmo tempo, o juiz considerou sólidos os dados trazidos pelos executivos da AT&T e da Time Warner, que demonstraram que a única maneira de uma empresa de mídia sobreviver em um ambiente cada vez mais dominado por gigantes da tecnologia, como Netflix, Apple, Google e Facebook, é combinando estúdios de cinema, canais de TV, distribuição e processamento de dados em uma única corporação.
Assim, aprovou a fusão sem restrições.
A decisão ainda está sujeita à apelação, mas o juiz sugeriu que o Departamento de Justiça não o fizesse, pois isso apenas custaria mais honorários para as empresas e o governo e não chegaria em um resultado diferente.
Caso não haja apelação, a autorização dará início a uma nova era dos conglomerados de mídia, entretenimento e tecnologia dos Estados Unidos, pois abre caminho para outras aquisições, que devem agitar o mercado de produção e consumo de conteúdo de séries e filmes.
A Comcast, empresa similar à AT&T e que já é dona dos estúdios Universal, aguardava essa decisão para avançar sobre os ativos da 21st Century Fox. Ela deve formalizar uma proposta para rivalizar com a The Walt Disney Company pela compra dos estúdios Fox e canais de TV da empresa.
Ao mesmo tempo, empresas de tecnologia que começam a ensaiar projetos de streaming, como Google, Apple e Facebook, também podem ambicionar a compra de estúdios de Hollywood. E elas tem muito dinheiro, podendo transformar Hollywood numa filial do Vale do Silício, por assim dizer.
Esta tendência, aparentemente irreversível, aponta que o futuro do cinema está cada vez mais longe das salas escuras e mais próximo dos celulares. Não percam as cenas dos próximos capítulos.