O ator Morgan Freeman entrou numa lista negra de Hollywood, após uma reportagem da rede CNN trazer à tona acusações de assédio sexual de oito mulheres contra ele, juntando-o a outras celebridades envolvidas nesta tipo de escândalo nos últimos meses.
E isso já está lhe rendendo prejuízos, com o cancelamento de campanhas que o envolviam. Poucas horas após a exibição da reportagem da rede CNN com a denúncia, a empresa de crédito VISA e o serviço de trens TransLink anunciaram a suspensão de anúncios com participação de Freeman.
Até o sindicato americano de atores, SAG, informou que analisa retirar um prêmio honorário que entregou a Freeman em janeiro como homenagem à sua carreira. “São afirmações contundentes, devastadoras e absolutamente contrárias a todos os passos que estamos tomando para garantir um ambiente de trabalho seguro para os profissionais desta indústria”, disse um porta-voz do sindicato.
Diante da perda de seu maior ativo, a imagem de homem íntegro, o ator decidiu se manifestar. Em comunicado enviado à imprensa, ele pediu desculpas por qualquer “incômodo” causado, sem assumir o assédio.
“Qualquer pessoa que me conhece ou trabalhou comigo sabe que não sou alguém que intencionalmente ofenderia ou geraria algum incômodo. Me desculpo com quem quer que tenha se sentido incomodado ou desrespeitado, nunca foi a minha intenção”, declarou Freeman no texto curto.
O ator, que está prestes a completar 81 anos, possuía tanta autoestima nos Estados Unidos que seu personagem mais popular era ninguém menos que Deus, papel que viveu em “Todo Poderoso” (2003) e “A Volta do Todo Poderoso” (2007) e que ele ainda explorou na série documental “The Story of God with Morgan Freeman”.
Tudo isso acabou após a reportagem exibida na quinta-feira (24/5), em que a CNN trouxe 16 depoimentos anônimos – oito deles de supostas vítimas – que descreveram o comportamento de abuso sistemático do ator nos bastidores de filmagens e viagens promocionais. São casos recentes, não de décadas atrás como os evocados pela maioria das denúncias surgidas no âmbito do movimento #MeToo.
Um dos incidentes aconteceu nas filmagens de uma comédia lançada no ano passado, “Despedida em Grande Estilo” (2017). Uma assistente de produção afirmou à CNN que Freeman a tocou sem consentimento durante meses, fazendo comentários sobre o seu corpo e suas roupas. “Ele ficava tentando levantar a minha camisa e perguntava se eu estava de lingerie”, contou a assistente de produção, que não teve o nome revelado. Segundo ela, o assédio foi tão grande que o ator Alan Arkin, que também estava no elenco do filme, mandou Freeman parar.
Outro caso aconteceu nas filmagens de “Truque de Mestre”, de 2013. A CNN ouviu uma mulher envolvida na produção do filme, que revelou ter sido assediada pelo ator em várias oportunidades, também com comentários sobre o seu corpo. Outras mulheres da equipe passaram pelo mesmo problema, segundo a fonte da reportagem.
Quatro pessoas ouvidas pela CNN afirmaram que nos últimos dez anos viram Freeman deixar as mulheres desconfortáveis no ambiente de trabalho. Duas alegaram terem sido tocadas inapropriadamente pelo ator, entre elas a assistente de produção que contou sobre a tentativa de Freeman tirar a sua camisa. Mas nenhuma dessas pessoas relatou o problema a produtores ou autoridades, com medo de perder o emprego.