A redes sociais podem ser catalizadores de movimentos de mudança, como o #MeToo e a Primavera Árabe, mas também estimulação a proliferação arquetípica e anabolizada do tradicional fofoqueiro da vizinhança. As velhas tiazinhas que costumavam ser personagens de novelas antigas agora são jovens de ambos os sexos que gostam de comentar de tudo e de todos para todo mundo.
E, como bons fofoqueiros, não lhes falta assunto. Os detalhes mais banais viram discussões acaloradas. O que faz lembrar que os maiores fofoqueiros sempre foram grandes moralistas. Afinal, seus comentários jamais perdoam comportamentos fora do padrão.
O caso mais recente de falta do que fazer acabou se fixando no corpo da atriz Bruna Linzmeyer. A belíssima estrela de novelas e filmes – e bissexual assumida – fez um ensaio fotográfico que gerou polêmica. Não porque ela posou nua, mas porque não depilou a zero sua virilha e suas axilas.
Em imagens compartilhadas no Instagram da atriz e do fotógrafo responsável pelos cliques, Gleeson Paulino, é possível ver que Bruna faz parte da nova geração de mulheres que assume os pelos de seu corpo – mostrando que se depilar ou não é uma decisão de cada pessoa.
Mas muitos acharam que a decisão deveria ser deles, criticando o fato da Bruna não se depilar, a ponto de afirmar que se trata de falta de higiene.
“Credo… Imagina o cheirinho das camisas, camisetas e vestidos… O suor grudando nos pelos!!! Uma questão de higiene. Para ser feminista, não precisa ser porca”, comentou uma pessoa, ecoada por vários dispostos a criticar tudo o que se move.
Agora, que curioso: nenhum homem jamais foi acusado de falta de higiene pelo mesmo motivo. Ao contrário. Ao optarem pela depilação, homens viram alvo dos mesmos fofoqueiros porque, supostamente, deixam de ser homens.
Pelo menos, vários seguidores saíram em defesa da atriz, pedindo respeito e afirmando que ela pode fazer o que quiser com o próprio corpo. O que deveria ser óbvio.
Veja abaixo os posts que inspiraram a polêmica e leia os comentários grosseiros e mal-educados daqueles que, apesar de ter acesso à internet, ainda acham que os corpos das mulheres pertencem a eles.