O cineasta Marcelo Masagão, criador do Festival do Minuto, anunciou a interrupção da tradicional mostra, que reúne filmes de profissionais e amadores com até 60 segundos de duração.
Masagão anunciou o cancelamento na página oficial do evento no Facebook (veja abaixo), alegando “exigências malucas” de patrocinadores, que culminaram na falta de recursos que impossibilitou a continuidade do festival.
O Festival do Minuto existe desde 1991 e só foi suspenso uma vez, em 1999, quando o diretor finalizava seu longa de estreia, “Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos”. Cada edição custava entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão, via leis de incentivo. Os temas das safras de filmes eram acordados com os patrocinadores. Empresas e telefonia e logística já foram parceiros da mostra criada por Masagão. Porém, segundo Masagão, os conflitos de interesse cresceram até inviabilizar a realização do festival.
“Como condição para patrocinarem, exigiam, por exemplo, que a cor predominante na campanha teria que ser igual à da logo deles. Ou queriam impor temas mais ligados ao marketing que a cultura”, reclamou Masagão, em entrevista ao jornal O Globo.
Ele chama atenção ao problema para pedir revisão na lógica das leis de incentivo. “Não é saudável deixar na mão de diretores de marketing a decisão do que será investido na cultura”, avalia.
O curador tinha esperança de conseguir financiamento pelo edital de festivais do Ministério da Cultura, que teve inscrições abertas em março. Mas ele também reclama do modelo desta concorrência.
“O edital é uma piada de mau gosto. Agora não é só para a produção de filmes que você tem que ter um plano de negócios, também precisa de um para festivais. Ou seja, o MinC fez um edital para quem não precisa de dinheiro, para os eventos de mercado e os grandes festivais”, critica.
Masagão afirma que, caso as questões de financiamento não forem equacionadas até o fim do ano, ele pretende cancelar definitivamente o festival.
Desde a primeira edição, o Festival do Minuto atrai amadores e estudantes de cinema, mas também inclui filmes de diretores profissionais como Kiko Goifman, Roberto Berliner, Beto Brant, Ana Muylaert e Tata Amaral.