O crítico de cinema Rubens Ewald Filho divulgou um comunicado sobre a polêmica causada por seus comentários pejorativos durante a transmissão ao vivo na TNT da premiação do Oscar 2018. Entre as frases que causaram mais comoção, destacam-se a conceituação equivocada da transexual chilena Daniela Vega – “na verdade, é um rapaz” – e a desqualificação de Frances McDormand, vencedora do Oscar de Melhor Atriz – “não é bonita, deu um show de bebedeira no Globo de Ouro e, de repente, o filme é um sucesso”.
A reação do público nas redes sociais, acusando-o de ser transfóbico, misógino e machista, levou a própria TNT a se pronunciar, com um pedido público de desculpas. Alguns internautas chegaram a pedir o afastamento do crítico de futuras transmissões.
Em seu comunicado, Rubens ignorou totalmente os aspectos considerados misóginos da transmissão – além de Frances McDormand, a atriz Saoirse Ronan também foi alvo de suas ironias, como em outros anos – aludindo apenas à polêmica tranfóbica, que teria sido “técnica”, segundo ele. Chamar Daniela Vega de rapaz foi, em suas palavras, “uma confusão minha de termos técnicos de expressão”.
O comunicado não contém um pedido de desculpas.
Rubens Ewald Filho continua errando, ao chamar a atriz de Daniela Veiga.
Leia na íntegra a declaração:
“Em 50 anos de carreira e 35 anos de Oscar nunca fui reacionário, sexista, racista ou tive qualquer outra conduta que censurasse a essência do ser humano. Ao contrário, sempre lutei a favor daquilo que é certo, do indivíduo, das minorias e da liberdade de expressão. O que aconteceu com relação a atriz Daniela Veiga, foi, no fundo, uma confusão minha de termos técnicos de expressão, mas nunca, em hipótese alguma, uma atitude sexista e transfóbica. Repito: Nunca. Nunca agiria assim.
Acharem que eu seja transfóbico não vai de encontro com minha postura e conduta. Quem me conhece sabe disso. Fui amigo de Phédra de Córdoba, uma famosa transexual atriz que atuava na companhia de Teatro Os Satyros. Acompanhei o seu trabalho muito de perto, a admirava, incentivava e me emocionava com sua atuação e talento no palco. Eu tinha uma paixão pela sua força e postura tanto como ser humano quanto como artista.
Estou muito feliz que uma transexual tenha protagonizado e estrelado um filme que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro. Em 90 anos de premiação isso nunca aconteceu. É um momento de glória, a primeira vez que a barreira foi rompida, a primeira de muitas que virão, para mostrar seus enormes talentos e força de interpretação, direção e qualquer outra forma de atuação tanto no cinema quanto na sociedade.
Que tudo isso que aconteceu sirva para se falar ainda mais sobre o assunto, para se promover ainda mais esta causa. Que pessoas leigas com os termos técnicos, e me coloco neste caso, aprimorem seu vocabulário nesse sentindo.
Fui, continuo sendo e sempre serei um incentivador da liberdade de expressão.
Parabéns à Daniela Veiga, à Phedra de Córdoba, a todos transexuais no Brasil e no mundo. Daniela Veiga é realmente uma mulher fantástica. Corram lá no cinema para apreciarem seu enorme talento”.