Os exibidores brasileiros de cinema estão planejando boicotar a nova animação da Disney, “Viva: A Vida É Uma Festa”. Isto porque o estúdio está exigindo um aumento de 2% no repasse a que tem direito das salas de cinema do Brasil. A Disney quer 52% do faturamento do filme, em vez dos tradicionais 50%.
O presidente do Sindicato das Empresas Exibidoras Cinematográficas do Estado de São Paulo, Paulo Lui, disse para a Folha de S. Paulo que “o mercado foi pego de surpresa com esse aumento”.
Para ter uma ideia, se “Viva” fizer o mesmo sucesso da última animação da Disney, “Moana”, as salas de cinema teriam que repassar à Disney R$ 1,4 milhão a mais.
Presidente da associação que reúne os pequenos e médios exibidores, Marco Alexandre disse à Folha que a Ancine (Agência Nacional do Cinema) “deveria tomar providências”. “Não é justo. Se a Disney cobrar 52%, as outras exibidoras também vão querer cobrar o mesmo valor.”
“Esse aumento é temerário”, também reclamou Márcio Eli de Lima, da rede Centerplex de cinemas. “O percentual de 50% era histórico. Dois pontos percentuais causarão desequilíbrio na negociação com os shoppings, por exemplo.”
Como reação, as exibidoras cogitam não exibir o filme, que ficaria restrito às cadeias multinacionais: Cinemark e Cinépolis.
Mas a ameaça pode não representar nada, já que as duas redes citadas representam um terço do total das salas do país (isto é, mil salas), circuito que normalmente é ocupado pelo lançamento de blockbuster no Brasil.
As exigências da Disney por maior parte na divisão da receita não são exclusivas para o Brasil. Nos Estados Unidos, o estúdio exigiu um repasse de 65% (dez pontos percentuais a mais do que o usual no mercado ) para exibir o último capítulo de “Star Wars”. Também impôs que o filme teria de ser exibido nas salas maiores de cada complexo cinematográfico, e por quatro semanas consecutivas.
Imagine o que virá a partir de 2019, quando o estúdio consolidar sua aquisição da Fox…
Produção da Pixar, outro estúdio comprado pela Disney, “Viva: A Vida É Uma Festa” (que nos outros países se chama “Coco”) já faturou US$ 500 milhões em todo o mundo e a estreia no Brasil está marcada para a próxima quinta-feira, dia 4 de janeiro.