A atriz Eva Todor morreu na manhã deste domingo (10/12) em sua casa de pneumonia, aos 98 anos. Ela sofria de Mal de Parkinson e chegou a ficar dez dias internada em março deste ano. A atriz estava longe da TV desde a novela “Salve Jorge”, exibida em 2012, e sua última aparição pública foi em novembro de 2014, quando recebeu uma homenagem feita por amigos artistas no Teatro Leblon.
Com mais de 80 anos de carreira, ela começou a carreira no balé, ainda na infância. Húngara de nascimento, Eva Fódor Nolding chegou a dançar na Ópera Real de Budapeste. Filha de uma estilista e de um comerciante de tecidos, ela já mostrava talento para a vida artística, mas a realidade complicada do período entre guerras na Europa fez sua família vir para o Brasil, em 1929.
Ao chegar no país, continuou a se dedicar ao balé, tendo aula com a renomada Maria Olenewa. Em entrevista ao site Memória Globo, Eva contou que seus pais, “como bons húngaros”, achavam que toda criança deveria ter uma educação ligada à arte.
Seguiu no balé até ser convidada, ainda adolescente, para fazer teatro de revista no Teatro Recreio. Nessa época, adotou o nome Todor, uma versão aportuguesada de seu sobrenome.
“Fiz um sucesso muito grande. Fiquei quatro ou cinco anos. E foi onde conheci meu primeiro marido, que era o diretor da companhia (Luis Iglesias). Eu me casei aos 14 anos. Depois, ele achou que aquilo não tinha futuro e montou uma companhia de comédia para mim. Todo mundo disse que ele era louco, porque eu era uma menina que não tinha experiência nenhuma e, além do mais, falava português pessimamente. Mas, deu certo. E a companhia ficou sendo Eva e seus Artistas, durante muitos anos. Só de Teatro Serrador, fiquei 23 anos”, relatou ela ao Memória Globo.
Ela ganhou muitos admiradores por sua beleza e talento. Entre eles, o então presidente Getúlio Vargas, o que facilitou o processo para se naturalizar brasileira nos anos 1940.
Dos palcos, pulou para o cinema, em plena era da chanchada. Fez seu primeiro longa-metragem em 1960, “Os Dois Ladrões”, de Carlos Manga, demonstrando sua veia humorística ao lado de Oscarito.
A versatilidade lhe rendeu convite para comandar um programa na TV Tupi, chamado “As Aventuras de Eva” (1961), em que explorava sua aptidão para o humor.
Sua estreia em novelas aconteceu na década seguinte, em “E Nós, Aonde Vamos?”, última novela da célebre autora cubana Glória Magadan escrita no Brasil, exibida em 1970.
Mas foi só na Globo que sua carreira deslanchou, a partir da aparição na novela “Locomotivas”, de Cassiano Gabus Mendes, um fenômeno de audiência em 1977, no papel de Kiki Blanche, personagem tão marcante que Eva voltou a vivê-lo em 2010 na novela “Ti Ti Ti”.
Dali para frente, a televisão se tornou seu foco. Foram dezenas de novelas, como “Te Contei?” (1978), “Coração Alado” (1980), “Sétimo Sentido” (1982), “Partido alto” (1984), “Top Model” (1989), “De Corpo e Alma” (1992), “Suave Veneno” (1989), “O Cravo e a Rosa” (2000), “América” (2005), “Caminho das Índias” (2009) e “Salve Jorge” (2012). E, entre uma e outra, ainda emplacou diversas aparições em séries e minisséries.
Dedicada à TV, acabou fazendo poucos filmes. Foram apenas cinco, entre eles “Xuxa Abracadabra” (2003) e “Meu Nome Não É Johnny” (2009).
Lucélia Santos, que contracenou com a atriz em “Locomotivas”, lembrou com saudades da atriz em depoimento ao Globo News. “Dona Eva era um ser humano iluminado. Ela se autochamava de ‘estilo Eva’, ninguém podia fazer o que ela fazia, era um jeito engraçado. Ela era contagiante”, definiu.