O documentário “Maria – Não Esqueça que Eu Venho dos Trópicos” trata da figura forte, marcante, da escultora Maria Martins (1894-1973), também chamada de embaixatriz, de sua vida e de sua arte. Trabalho importante, uma vez que a grandeza da arte dessa mulher ainda é desconhecida do grande público. Em parte, por seu caráter polêmico, inovador, avançado para seu tempo. Mas também porque ela, na condição de esposa do embaixador Carlos Martins Pereira e Souza, cumpria suas funções no ambiente diplomático com discrição.
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Suas obras exalavam uma sexualidade feminina ativa e arrojada. Sua vida também comportou uma forte ligação amorosa com Marcel Duchamp, a quem influenciou e por quem foi influenciada, artisticamente.
O filme tem o mérito de revelar Maria Martins nesses seus dois lados aparentemente inconciliáveis, mas que ela parece ter integrado bem.
Avançar nas manifestações do feminismo, tanto na arte quanto em experiências de vida, não a levaram a romper barreiras institucionais. Cidadã do mundo, até por conta de deslocamentos diplomáticos do marido, conquistou espaço artístico de grande relevo, em cidades como Washington, Nova York, Paris, e projetou sua obra mundo afora. É significativa a referência à influência dos trópicos, origem que ela afirma e solidifica no seu trabalho nas artes plásticas e nas suas manifestações e atitudes públicas.
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O documentário acerta em cheio, ao mostrar a obra de Maria Martins, dando-lhe o merecido destaque. Agrega, também, em entrevistas, comentários críticos e material de arquivo, informações relevantes. Isso é o que mais importa, as formas que ela criou têm um impacto muito grande. É irrefutável a grandeza do seu trabalho. Sua vida, seus desejos, suas escolhas, também são uma parte importante da história que o filme aborda, dando a conhecer uma mulher brasileira notável do século 20.