A decisão da Disney de proibir que jornalistas do Los Angeles Times tenham acesso às sessões de imprensa de seus filmes uniu os críticos de cinema e a imprensa americana contra o estúdio. Após quatro associações de críticos anunciarem boicote ao estúdio, críticos dos jornais New York Times e Washington Post, dois dos mais importantes veículos de comunicação dos Estados Unidos, anunciaram que não irão mais escrever sobre filmes da Disney, até o estúdio reverter sua posição.
O New York Times assumiu a decisão de forma editoral, divulgando um comunicado. “Uma empresa poderosa punir uma empresa de notícias por causa de uma reportagem que eles não gostaram gera um efeito arrepiante”, diz o texto. “Este é um precedente perigoso, que não é de interesse público”.
Além dos jornais, o conselho executivo da Associação de Críticos de Televisão emitiu um comunicado em que critica a “ação punitiva” da Disney contra os jornalistas do Times. “Condenamos qualquer circunstância em que uma empresa tome medidas punitivas contra os jornalistas por fazer seu trabalho”, afirma a nota.
A polêmica começou quando após o Los Angeles Times publicar denúncias contra o parque da Disneylândia na Califórnia. O jornal entrevistou uma série de autoridades do governo municipal e cidadãos da cidade de Anaheim, onde fica o parque, que se mostraram indignados com a forma como a Disney vem “sugando” incentivos e subsídios oferecidos pela cidade, a ponto de drenar a economia local muito mais do que a incentiva.
A Disney justificou seu veto a jornalistas do Times ao afirmar, em nota, que a reportagem “mostrou um desprezo total por padrões jornalísticos básicos”. “Apesar de compartilhar inúmeros fatos indiscutíveis com o repórter, vários editores e a editoria ao longo de vários meses, o Times avançou com uma reportagem tendenciosa e imprecisa, inteiramente motivada por uma agenda política”, disse a Disney em comunicado.
Para os jornalistas americanos, a discussão deveria ter sido tratada publicamente e não com retaliações contra o trabalho da imprensa.