Mallu Magalhães lançou um novo clipe, “Você Não Presta”, e a internet caiu matando. No vídeo, a cantora requebra ao lado de dançarinos negros, e a combinação, além da forma como eles são retratados, causou polêmica.
Como os dançarinos vestem poucas roupas e estão com o corpo besuntado em óleo, ativistas apontaram que se trata de um contexto racista, já que há a hipersexualização do corpo numa prática que remete à época da escravidão, quando os escravos tinham o corpo besuntado em banha para parecerem mais saudáveis e esconder os defeitos físicos.
Para complicar ainda mais, há uma sequência em que os dançarinos aparecem atrás de uma grade de ferro. É a estrutura metálica de uma escada, mas a associação que se faz é de uma cela de prisão. No pior timing do mundo, é justamente nessa hora que ela canta o refrão: “Eu convido todo mundo para minha festa, só não convido você porque você não presta”…
Em outra sequência, o cenário vira paredes de tijolos expostos, que lembram barracos de favela.
O distanciamento da cantora do restante da equipe também foi alvo de críticas. Muitos apontam que Mallu não se coloca como integrante do grupo nas imagens.
Mas não pára nisso. Há intertexto no intertexto. O fato de Mallu usar uma camiseta estampada com “Oscar 2002” remete ao único ano em que dois negros (Denzel Washington e Halle Berry) venceram o troféu de Melhor Ator e Melhor Atriz na história da premiação da Academia. 2002 também foi o ano do lançamento do filme brasileiro “Cidade de Deus”…
Houve até quem lembrasse que a cantora mora em Portugal, e a estética do clipe, que sexualiza negros e glamoriza a favela, é um esterótipo de como os europeus imaginam o Brasil.
A música? A música é um samba rock contagiante. Um som criado pelo choque de culturas e raças. Lembra Jorge Ben, entoado por Nara Leão. Ninguém, pelo menos, protestou por a branca gravar samba rock.
Falando bem, falando mal, o clipe já tem quase 1 milhão de visualizações.