Afastada do cinema há 15 anos, a atriz Vera Fischer vai voltar a estrelar uma produção nacional, vivendo uma delegada num filme sobre uma chacina que teve grande repercussão nos anos 1990.
A produção vai reencenar o crime da madrugada de 10 de agosto de 1996, quando homens armados assaltaram e mataram frequentadores da choperia Bodega em Moema, zona zul de São Paulo. Pressionada por uma forte reação da sociedade, que protestou contra a falta de segurança e criou um movimento chamado “Reage São Paulo”, a polícia civil respondeu rapidamente com a prisão de negros e pobres da periferia, anunciando-os como autores dos crimes.
A Justiça decretou a prisão preventiva desses jovens, com ampla divulgação da mídia. Todos eles teriam sofrido tortura para confessar. E todos eles eram inocentes.
Com o título provisório de “Bodega”, o filme está em fase de captação de recursos.
Além de Vera Fischer, que não filmava desde “Xuxa e os Duendes 2: No Caminho das Fadas” (2002), o elenco inclui Milhem Cortaz (“O Lobo Atrás da Porta”), André Ramiro (“Tropa de Elite”) e Paulo Miklos (“Carrossel – O Filme”).
A direção é de Tristan Aronovich (“Alguém Qualquer”) e José Paulo Lanyi (produtor do vindouro “Real – O Plano por Trás da História”), que também assina o roteiro.
“Há muitas razões para fazer esse filme”, diz o diretor Aronovich, em comunicado. “A luta contra a hipocrisia de que não existe preconceito, intolerância e discriminação racial no Brasil; o lado violento e corrompido da polícia; a ode a heróis invisíveis, como o promotor do caso real, Eduardo Araújo da Silva; o gênero thriller policial, investigativo, que é pouco explorado no Brasil; e o roteiro sólido, tão bem escrito. O que está no papel já é um filmaço”, explica.
Para Lanyi, o longa trará de volta um debate esquecido sobre as injustiças cometidas naquela época. “Infelizmente, o que aconteceu com aquelas pessoas ainda está presente no dia a dia de tantas outras. Não vamos deixar essa sujeira ficar esquecida debaixo do tapete da história. E será uma abordagem que ajudará a lançar um olhar mais profundo sobre as misérias atuais”.