Asghar Farhadi, cineasta iraniano que já venceu o Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira por “A Separação” (2011) e está concorrendo de novo por “O Apartamento”, decidiu que não vai apelar ao governo americano para poder comparecer à cerimônia de premiação da Academia, após Donald Trump assinar um decreto proibindo a concessão de visto a turistas e imigrantes de sete países muçulmanos – entre eles, o Irã. Com a vigência da nova lei, ele não poderia participar da premiação, que acontece no dia 26 de fevereiro, em Los Angeles.
Para Farhadi, a situação é humilhante. Ele enviou uma declaração a respeito da sua proibição de participar do Oscar 2017 para o jornal New York Times. Nela, o cineasta afirma que decidiu não tentar comparecer à cerimônia, porque a situação é inaceitável. “Lamento anunciar que não comparecerei à cerimônia da Academia. A possibilidade da minha presença vem acompanhada de muitos ‘ses’ e ‘mas’, o que para mim é inaceitável, mesmo que sejam criadas exceções que garantam a minha viagem”.
Ele continuou: “Humilhar uma nação sob o pretexto de proteger outra não é um fenômeno novo na História e sempre levou à criação de mais divisão e inimizade. Portanto, venho aqui expressar a minha condenação das condições injustas que meus compatriotas e cidadãos de outros seis países enfrentam ao tentar imigrar legalmente para os Estados Unidos. Espero que a situação atual não venha a criar mais divisões entre as nações”.
Antes mesmo de Trump assinar o decreto, a atriz Taraneh Alidoosti, que estrela “O Apartamento”, já tinha anunciado sua decisão de boicotar a cerimônia em protesto contra as políticas do recém-empossado presidente dos Estados Unidos. Sua declaração foi menos política que a de Farhadi. “A proibição de visto para os iranianos é racista. Independente disso incluir ou não um evento cultural, não irei ao #AcademyAwards 2017 como protesto”, escreveu a atriz nas redes sociais.