O Festival de Sundance, reconhecido por projetar o melhor do cinema independente norte-americano, anunciou na noite de sábado (28/1) os vencedores de sua edição de 2017, consagrando a comédia de humor negro “I Don’t Feel at Home in This World Anymore” e o documentário “Dina” com os principais prêmios de seu júri.
Estreia na direção do ator Macon Blair (“Sala Verde”), “I Don’t Feel at Home in This World Anymore” traz Melanie Lynskey (série “Two and a Half Men”) no limite de sua paciência com a falta de educação e cortesia das pessoas, após descobrir que sua casa foi roubada. Irritada e deprimida com a ineficácia da polícia, ela encontra ajuda num vizinho intenso, vivido por Elijah Wood (série “Dirk Gently’s Holistic Detective Agency”), que a estimula a tomar uma atitude. Mas virar justiceiros não é tão fácil quanto eles imaginam. Veja o trailer aqui.
A comédia indie fechou com a Netflix e já tem lançamento marcado para fevereiro. Mas se a negociação foi financeiramente interessante para os produtores, a distribuição por streaming logo no começo do ano implode qualquer pretensão que o filme pudesse ter em relação ao Oscar 2018.
Caso acordos do gênero virem tendência, podem, inclusive, diminuir o brilho de Sundance. Afinal, o festival tem ajudado a revelar grandes talentos, como o badalado Damien Chazelle, cujo filme anterior, “Whiplash”, venceu o Festival de Sundance em 2014 e o atual, “La La Land”, disputa 14 troféus no Oscar 2017.
Já “Dina” apresenta um retrato nada convencional de romance, acompanhando um casal real de autistas de meia-idade. Dirigido por Antonio Santini e Dan Sickes, o filme celebra as diferenças e conquistou a crítica em Sundance.
O público, entretanto, preferiu o documentário “Chasing Coral”, de Jeff Orlowski, sobre mudanças climáticas, e o drama “Crown Heights”, em que o diretor Matt Ruskin focou a injustiça do sistema judiciário, contando a história real de um jovem negro inocente que passou 21 anos preso. Detalhe: este filme terá distribuição da Amazon!
Na competição internacional, os vencedores coincidiram em tema, ao expressarem a crise no Oriente Médio. Foram premiados o documentário “Last Men in Aleppo”, sobre os destroços da cidade síria citada em seu título, e “The Nile Hilton Incident”, suspense do sueco Tarik Saleh, que mostra a corrupção no Egito antes da Primavera Árabe (movimento social que destituiu o governo). Ironicamente, o prêmio para o filme “golpista” foi entregue por Sônia Braga (“Aquarius”).
O Brasil concorria com “Não Devore Meu Coração”, primeiro longa individual de Felipe Bragança (“A Alegria”), que foi considerado amador pela crítica americana.
Vencedores do Festival de Sundance 2017
FICÇÃO NORTE-AMERICANA
Grande Prêmio do Júri
“I Don’t Feel at Home in This World Anymore”
Prêmio do Público
“Crown Heights”
Melhor Direção
Eliza Hittman (“Beach Rats”)
Melhor Roteiro
Matt Spicer e David Branson Smith (“Ingrid Goes West”)
Prêmio Especial do Júri por Melhor Atuação
Chanté Adams (“Roxanne Roxanne”)
Prêmio Especial do Júri por Melhor Direção
Maggie Betts (“Novitiate”)
Prêmio Especial do Júri por Melhor Fotografia
Daniel Landin (“Yellow Birds”)
DOCUMENTÁRIO NORTE-AMERICANO
Grande Prêmio do Júri
Dina
Prêmio do Público
“Chasing Coral”
Melhor Direção
Peter Nicks (“The Force”)
Melhor Roteiro
Yance Ford (“Strong Island”)
Prêmio Especial do Júri por Melhor Edição
Kim Roberts e Emiliano Battista (“Unrest”)
Prêmio Especial Orwell
“Icarus”
Prêmio Especial do Júri por Filmagem Inspiradora
Amanda Lipitz (“Step”)
FICÇÃO MUNDIAL
Grande Prêmio do Júri
“The Nile Hilton Incident”
Prêmio do Público
“I Dream in Another Language”
Melhor Direção
Francis Lee (“God’s Own Country”)
Melhor Roteiro
Kirsten Tan (“Pop Aye”)
Prêmio Especial do Júri por Visão Cinematográfica
Jun Geng (“Free and Easy”)
Prêmio Especial do Júri por Melhor Fotografia
Manu Dacosse (“Axolotl Overkill”)
DOCUMENTÁRIO MUNDIAL
Grande Prêmio do Júri
“Last Men in Aleppo”
Prêmio do Público
“Joshua: Teenager vs. Superpower”
Melhor Direção
Pascale Lamche (“Winnie”)
Melhor Roteiro
Catherine Bainbridge e Alfonso Maiorana (“Rumble: The Indians Who Rocked the World”)
Prêmio Especial do Júri por Melhor Edição
Ramona S. Diaz (“Motherland”)
Prêmio Especial do Júri por Melhor Fotografia
Rodrigo Trejo Villanueva (“Machines”)