O diretor espanhol Pedro Almodóvar lamentou no fim de semana que “o sensacionalismo” tenha triunfado nas recentes acusações contra seu colega de profissão, o cineasta italiano Bernardo Bertolucci, devido a uma antiga controvérsia do filme “O Último Tango em Paris” (1972).
“Tenho certeza que o roteiro era bem conhecido e estava pactuado”, declarou Almodóvar em Breslávia, na Polônia, durante a cerimônia de premiação da Academia Europeia de Cinema, em que disputava por seu filme “Julieta”.
“Eu nunca poria um intérprete em risco, nem psíquico nem físico”, disse o espanhol, que considerou que no caso do filme de Bertolucci estaria tudo pactuado entre diretor e atores, além de opinar que há problemas atuais mais relevantes.
“São acusações que tanto tempo depois já não têm importância”, disse o cineasta sobre a polêmica gerada após a divulgação de uma entrevista de Bertolucci de 2013, na qual assegurava que não informou à protagonista, Maria Schneider, das mudanças na controvertida cena de estupro de “O Último Tango em Paris”. O desabafo foi entendido como confissão de abuso e originou acusações de estupro em diversos sites e nas redes sociais.
Diante da controvérsia, as declarações foram relativizadas pelo próprio Bertolucci, que divulgou um comunicado no qual assegura que Schneider conhecia a cena com antecipação e a “única novidade” foi a manteiga que Marlon Brando usou como lubrificante. Isto não encerrou a controvérsia.