O filme “Deserto”, do diretor mexicano Jonás Cuarón, venceu o Festival de Havana, em uma decisão que surpreendeu a crítica especializada neste fim de semana. O destaque brasileiro coube a Sônia Braga, que levou o prêmio Coral de Melhor Atriz por “Aquarius”.
“Deserto” é o segundo longa dirigido pelo filho do premiado cineasta Alfonso Cuarón (“Gravidade”). A trama acompanha Gael Garcia Bernal (“Neruda”), um mexicano que cruza ilegalmente a fronteira do seu país com os Estados Unidos e se vê alvo, junto com seu grupo, de um americano (Jeffrey Dean Morgan, o Negan de “The Walking Dead”) determinado a assassinar todos os invasores. É fácil ver o apelo dessa metáfora sem sutilizas da vindoura era Trump.
Além de Melhor Filme, o thriller de baixo orçamento também levou o Coral de Música original, com Woodkid (Yoann Lenoine).
“Últimos Dias em Havana”, do experiente diretor Fernando Pérez, recebeu o Prêmio Especial do júri.
Já o Melhor Ator foi o cubano Luis Alberto García, por “Ya No Es Antes”, enquanto o colombiano Víctor Gaviria venceu como Melhor Diretor por “La Mujer del Animal”.
Para completar, um conhecido dos brasileiros, Inti Briones (que trabalhou em “Pequeno Segredo”) levou o Coral de Melhor Fotografia pelo chileno “Aquí No Ha Pasado Nada”, enquanto os profissionais de “Neruda” conquistaram os troféus de Edição e Direção Artística.
Infelizmente, o festival também foi marcado pela censura a um filme: “Santa & Andres”, do cubano Carlos Lechuga, barrado do evento “por questão de princípio”, segundo os organizadores. É que o longa faz uma crítica contundente à intolerância histórica contra os homossexuais pelo regime dos Castros. Como não se pode criticar o governo de uma ditadura, ao menos se pode demonstrar, como vítima de repressão, o quanto ele é realmente intolerante.