Uma estreia brasileira acabou se destacando nas bilheterias do fim de semana. Escolhido como representante do país na disputa por uma indicação ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeiro, “Pequeno Segredo” estreou em 5º lugar, com 52 mil ingressos vendidos e faturamento de R$ 889 mil.
Usando os critérios que aferiram “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, filme que também disputou uma vaga de indicação à indicação no Oscar, estes números dão ao melodrama de David Schürmann a condição de grande sucesso do cinema nacional.
Entretanto, não foi isso que se viu na cobertura de sua estreia.
Vale a pena comparar a forma como a grande imprensa tratou o desempenho de ambos os filmes.
Quando “Aquarius” estreou em setembro, levando quase o mesmo número de pessoas aos cinemas e com faturamento similar – 54 mil pessoas e R$ 880 mil ingressos vendidos – , mas em 10º lugar, a Folha de S. Paulo destacou em título: “‘Aquarius’ tem 2ª melhor estreia nacional do ano”. O Jornal do Brasil aumentou: “Em seu primeiro fim de semana, ‘Aquarius’ tem bilheteria excepcional”. E, claro, vários blogues ecoaram.
Já em relação à bilheteria de “Pequeno Segredo”, o tratamento foi burocrático. Alguns blogues, contudo, chegaram a desdenhar do filme, porque ele abriu no dobro de salas de “Aquarius”, o que significaria que fez menos sucesso.
De fato, proporcionalmente, “Aquarius” fez mais sucesso por sala.
Claro que o dobro de salas de “Pequeno Segredo” ainda é um terço do que o circuito reserva para besteiróis. E enquanto a imprensa foca sua negatividade num drama bem realizado, as comédias ruins continuam rindo desta crítica inútil, aumentando cada vez mais a ocupação do espaço destinado ao cinema nacional.
Poucos são os dramas que conseguem se destacar no país. Por isto, o 5º lugar de “Pequeno Segredo” é, sim, uma vitória.