A investigação conduzida pela série de documentários “Making a Murderer”, do Netflix, pode tirar um dos condenados de sua história da prisão. Um juiz federal dos EUA anulou na sexta-feira (12/8) a condenação de Brendan Dassey, que estava há dez anos preso pelo estupro e morte da fotógrafa Teresa Halbach.
Dassey, que tinha 16 anos quando foi condenado, em 2007, é sobrinho de Steven Avery, foco do documentário. Ele cumpria prisão perpétua por participação no crime e agora, aos 26 anos, deve ser libertado da prisão em até 90 dias, a menos que autoridades agendem um novo julgamento.
Em sua decisão, o juiz William E. Duffin, de Wisconsin, cita exatamente os problemas apontados pela série, que sugere que a polícia interrogou Dassey de forma injusta, sem um advogado ou um parente presente. A série dá a entender ainda que o jovem era mentalmente incapaz e que foi coagido a confessar.
O juiz foi categórico ao afirmar que o acusado teve os direitos violados, citando a idade de Dassey durante o processo, a ausência de um adulto durante o interrogatório, onde foi obtida sua confissão involuntária, e o seu déficit intelectual.
“Os investigadores repetidamente afirmavam saber o que tinha acontecido no dia 31 de outubro e garantiram que Dassey não tinha nada com o que se preocupar”, o juiz escreveu em sua sentença. “Essas promessas falsas repetidas, quando consideradas em conjunto com os outros fatores relevantes, violam a Quinta e a Décima Quarta Emenda” da constituição americana.
“Making a Murderer” investigou os bastidores do crime, que aconteceu em 2005, e apontou os problemas de condução do caso pela polícia. O depoimento do jovem acabou sendo crucial para a condenação dele e de seu tio, Avery, pela morte da fotógrafa.
Avery permanece preso, e a decisão do juiz americano não interfere em sua condenação. Sua família trabalha até hoje para tentar provar a sua inocência.
Foco do documentário, Avery esteve preso por 18 anos por tentativa de assassinato e agressão sexual, até que foi inocentado por um exame de DNA. Dois anos depois de ser libertado, ao pedir uma indenização milionária e denunciar policiais do condado de Manitowoc, ele voltou a ser condenado, desta vez à prisão perpétua, pelo homicídio da fotógrafa. A série sustenta a tese de que sua condenação e a de seu sobrinho foram injustas e resultado de manipulação, por parte da polícia, para incriminar e calar Avery.
A produção de “Making a Murderer” acabou tendo uma grande repercussão nos EUA e o Netflix já encomendou uma 2ª temporada para suas responsáveis, a dupla de cineastas Moira Demos e Laura Ricciardi, que escreveram, dirigiram e produziram os dez episódios da atração.