Um Homem entre Gigantes não tem estatura para virar filme-denúncia

Cinebiografia do médico nigeriano Dr. Bennet Omalu, que concluiu que jogar futebol americano faz mal para a saúde, “Um Homem entre Gigantes” não se compara a filmes-denúncias contundentes, como “O Informante” (1999), […]

Cinebiografia do médico nigeriano Dr. Bennet Omalu, que concluiu que jogar futebol americano faz mal para a saúde, “Um Homem entre Gigantes” não se compara a filmes-denúncias contundentes, como “O Informante” (1999), que jogou uma pá de cal na indústria tabagista, ou mesmo o pós-fato consumado “Spotlight – Segredos Revelados”, que venceu o Oscar deste ano.

Além de possuir uma construção dramática frágil, seu roteiro abusa da xenofobia e dos discursos patrióticos, que chegam a dar raiva no espectador. Em certo momento, por exemplo, alguém questiona a capacidade de determinado advogado, porque ele se formou em Guadalajara, no México. Mas isso não é nada perto da adoração do protagonista, o médico vivido por Will Smith (“Golpe Duplo”), pelos Estados Unidos. Ele se sente um peixe fora d’água na Terra do Tio Sam, mas não quer largar o osso, pois ali é o lugar mais perfeito do mundo.

Por fim, quando a denúncia propriamente dita ganha fôlego, em vez de um ataque à Liga de Futebol Americano, por causa dos problemas de saúde que o esporte provoca, o discurso final só serve para louvar a beleza desse esporte.

A falta de contundência se estende à performance de Will Smith, que interpreta Omalu com o mesmo olhar de cachorro com fome que imprime em todos os seus dramas. Ele deveria voltar a fazer filmes de ação mesmo. Ou buscar trabalhar com diretores melhores. Esse Peter Landesman (“JFK, a História Não Contada”), que além de dirigir escreveu o roteiro, não é capaz de denunciar um síndico de condomínio, que dirá uma indústria multimilionária como a NFL.