Uma fantasia oriental adaptada para crianças ocidentais, de acordo com o olhar de adultos ocidentais. Isso é (até aqui) a trilogia “Kung Fu Panda”, aquela em que você sempre acha que o protagonista virou mestre do kung fu, mas, a cada continuação, descobre que ele ainda não chegou lá e falta algo para aprender.
“Kung Fu Panda 3” tenta amarrar toda a saga de Po, sacrificando a trama em nome desse objetivo. Perto do segundo longa alucinado, que tem ação do início ao fim, a terceira aventura é uma grande enrolação. Para segurar a onda, a solução é abusar do carisma do protagonista dublado por Jack Black (ou Lúcio Mauro Filho, que faz um ótimo trabalho no Brasil). O filme ainda inventa novas lições a serem aprendidas pelo personagem, apela para um vilão do além e apresenta dezenas de pandas que nunca terão seus nomes decorados pelo público. Tudo para evitar (em vão) um marasmo que só desaparece quando a animação se aproxima da tradicional luta decisiva no clímax.
Tudo bem, a trilogia é concluída de forma satisfatória, mas vamos combinar que este é o filme mais fraco. E que chegou a hora de parar. Ainda que, certamente, Po tenha alguma nova lição para assimilar em “Kung Fu Panda 4”. Pois, até aqui, a franquia tem se demonstrado um arco que nunca se completa e se repete infinitamente. Um exemplo é o final de “Kung Fu Panda 2”, em que Po aceita seu pai adotivo. Fim de papo, certo? Errado. Trataram de apresentar seu pai biológico para o protagonista repensar sua origem (de novo) no “3”; uma desleixada regressão que comprova a falta de criatividade do roteiro.
“Kung Fu Panda 3” serve mesmo para vender produtos relacionados à marca, porque, como progressão da franquia, não tem nada a acrescentar. Como exemplo, a moral de sua história ressalta que todo mundo é bom em alguma coisa e que o kung fu pode ser praticado por qualquer um. Legal, mas isso já não tinha sido concluído, quando Po descobriu que era o Dragão Guerreiro no final do “Kung Fu Panda” original?